Acesso
livre à biodiversidade
3/12/2010
Por Alex Sander Alcântara
Agência FAPESP - O conhecimento produzido no Brasil sobre a sua
biodiversidade ganhará mais visibilidade. O motivo é o Portal BHL ScieLO, que
disponibiliza com acesso livre milhares de obras, artigos, mapas e documentos
históricos sobre a biodiversidade brasileira.
O serviço é parte do projeto
"Digitalização e publicação on-line de uma coleção de obras essenciais em
biodiversidade das bibliotecas brasileiras", conduzido pelo programa
SciELO, biblioteca eletrônica virtual de revistas científicas mantida pela
FAPESP em convênio com o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em
Ciências da Saúde (Bireme).
O projeto conta com a participação do programa
Biota-FAPESP, da Biblioteca Virtual do Centro de Documentação e Informação da
FAPESP, do Ministério do Meio Ambiente, do Museu de Zoologia da Universidade de
São Paulo (USP) e da Fundação de Apoio à Universidade Federal de São Paulo.
De acordo com Abel Packer, coordenador
operacional do programa SciELO, a BHL SciELO possibilitará o fortalecimento da
pesquisa científica em biodiversidade.
"O Brasil tem uma produção científica de
destaque nessa área, mas que hoje assume também uma dimensão política e econômica
internacional com todas as discussões sobre mudança climática e preservação de
espécies", disse à Agência FAPESP.
Segundo Packer, o novo portal já reúne volume
suficiente de arquivos para atender às demandas de pesquisadores e demais
interessados. "Contamos até o momento com cerca de 110 mil registros digitalizados:
artigos, mapas e obras de referências históricas da biodiversidade brasileira",
explicou.
O portal integrará a rede global The
Biodiversity Heritage Library (BHL), consórcio que reúne os maiores museus de
história natural e bibliotecas de botânica no mundo, como a Academy of Natural
Sciences e o American Museum of Natural History, nos Estados Unidos, e o Natural
History Museum, na Inglaterra.
"A Austrália acabou de entrar e, agora,
tanto a BHL Brasil como a BHL China farão parte dessa rede mundial que já conta
com cerca de 130 mil obras e mais 32 milhões de páginas digitalizadas", disse
Packer.
No Brasil, a rede será composta por instituições
como Biblioteca Nacional, Museu Nacional, Jardim Botânico do Rio Janeiro, Fundação
Oswaldo Cruz, Instituto Butantan, Centro de Referência em Informação Ambiental (Cria),
Bireme, Fundação Zoobotânica, Instituto de Botânica do Estado de São Paulo,
Museu Paraense Emílio Goeldi e a USP.
"O objetivo é seguir o mesmo modelo da
SciELO com a modalidade de acesso aberto com múltiplos sistemas de busca e
indicadores bibliométricos, que tem propiciado maior visibilidade à produção científica
dos países em desenvolvimento, principalmente os localizados na América Latina
e Caribe. A ideia da BHL SciELO é que se estenda também para a América Latina",
contou Packer. O portal também traz notícias da Agência FAPESP e da revista
Pesquisa FAPESP.
Produção brasileira
Ao levantar dados sobre a produção científica
brasileira na área de zoologia, Rogério Meneghini, coordenador científico do
Programa SciELO, disse ter ficado surpreso com a posição do Brasil na produção
de artigos na área.
Com base no cruzamento de informações da Web
of Science, base de dados da empresa Thomson Reuters, foram produzidos no
mundo, entre 2007 e 2008, 23.903 artigos em zoologia. "O que mais chama a
atenção é que o Brasil fica na quarta
posição com 1.762 artigos, perdendo apenas para os Estados Unidos (7.649), Japão
(2.233) e Inglaterra (1.762)", disse.
Meneghini está concluindo a pesquisa "Projeto
para avaliação do impacto de programas brasileiros de ciência e tecnologia",
que tem o apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa Regular.
Outro destaque do estudo é que, entre as
instituições globais de pesquisa na área de zoologia, a USP é a primeira da
lista, seguida das academias de ciência da Rússia e da China e da Universidade
de Kyoto, no Japão. "Existem áreas em que a produção brasileira está competindo
em pé de igualdade. Um exemplo é a zoologia", disse, destacando a Revista
Brasileira de Zoologia.
Tiago Duque Estrada, gestor executivo do Biota-FAPESP
na Universidade Estadual de Campinas, falou da experiência do Programa e novos
desafios na nova fase do programa. Segundo ele, uma das frentes é disponibilizar
dados sobre as pesquisas.
"A linha de base do Biota foi a publicação
de sete volumes temáticos e da revista Biota Neotropica, do Atlas e também do
Sistema de Informação Ambiental (SinBiota), que tiveram a função de mapear e divulgar
o que já está disponível para a sociedade, governos e demais pesquisadores",
disse.
Em pouco mais de dez anos, o Biota
contabilizou cerca de 113 mil registros, sendo 12 mil de espécies. "Um dos
desafios agora é entender como a biodiversidade produz elementos e componentes químicos
que podem ser patenteados e associados à cadeia produtiva existente na
sociedade, mas ainda precisamos reunir mais dados", disse ao falar do
Biota Prospecta.
Participaram também do lançamento do portal
Sueli Mara Ferreira, diretora do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP, que
falou dos desafios do acesso aberto na universidade, Dora Ann Lange Canhos, do Cria,
que contou sobre a experiência da Lista de Espécies da Flora do Brasil, e Tiago
Duque Estrada, gestor executivo do Biota-FAPESP na Universidade Estadual de
Campinas, que falou das publicações do programa, da revista Biota Neotropica e
do Sistema de Informação Ambiental (SinBiota).
BHL ScieLO: http://biodiversidade.scielo.br
http://www.agencia.fapesp.br/materia/13132/acesso-livre-a-biodiversidade.htm
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