Buraco na camada de ozônio
aumentará por mais 20 anos
Os maiores buracos na camada de ozônio
serão vistos nos próximos 20 anos, afirma o físico Luiz Carlos Molion, da Universidade Federal de Alagoas. Isso porque,
segundo ele, a destruição do ozônio está mais relacionada com a atividade
solar do que com a emissão dos clorofluorcarbonos (CFCs) usados em abundância na
década de 70 em tubos de spray e geladeiras.
Nas últimas semanas, o buraco sobre a Antártica tem aumentado rapidamente, já
tendo alcançado 27 milhões de quilômetros quadrados, mais do que o máximo
registrado em 2007. Até agora, o ano de 2006 foi o que apresentou a maior
destruição da camada de ozônio, com o buraco chegando a 29,5 milhões de
quilômetros quadrados.
Pesquisadores defendem que, se não fosse o Protocolo de Montreal, ratificado
em 1987, pelo qual 193 países se comprometeram em eliminar a produção e uso
dos CFCs em 95%, o afinamento da camada de ozônio
dobraria em 2050 a
quantidade da radiação ultravioleta capaz de alcançar a superfície terrestre
no hemisfério norte e quadruplicaria a do hemisfério sul.
Já, pela teoria defendida por Molion, a produção da
radiação ultravioleta é reduzida quando o Sol está em uma fase de pouca
atividade. E, como o ultravioleta é essencial para produção de ozônio (pois
quebra a molécula de oxigênio que, ao se recombinar, forma o ozônio), a falta
dessa radiação faz com que a camada fique menor.
O físico acrescenta que é um erro fundamental dizer que o ozônio filtra os raios ultravioleta. “Na verdade, para formação do
ozônio, o ultravioleta é consumido, é diferente”.
Ele explica ainda que o Sol possui ciclos de 90 anos e que o ponto máximo de
atividade solar foi registrado pela última vez em 1960. “Com base nisso, eu
posso prever que lá pelo ano de 2050 a camada de ozônio se recuperará e
voltará aos mesmos níveis, independente de CFCs ou não”, afirma.
Atualmente, no entanto, o Sol se encaminha para o mínimo de atividade, o que
fará com que a camada de ozônio continue diminuindo, explica Molion. “Eu não tenho dúvida de que vamos presenciar
nesses próximos 20 anos, enquanto o Sol estiver quieto, os maiores buracos na
camada de ozônio já vistos até então”, declara.
As opiniões de Molion têm sido deixadas de lado
pela comunidade científica desde a década de 90, quando Mário Molina, recebeu
o Prêmio Nobel de Química com uma série de seis equações químicas, sendo que
a quinta delas era crucial para explicar a liberação do cloro que viria a
destruir o ozônio. Com isso, os CFCs
foram acusados como responsáveis pela destruição da camada de ozônio.
Na época, Molion argumentou que a tal equação
química não seria a realizada pela natureza, porque seguia num caminho de
maior consumo de energia, enquanto, segundo ele, a natureza sempre opta pela
baixa energia. “Eu simplesmente argumentei sob o ponto de vista teórico, mas
com aquele conjunto de equações o Mário Molina virou Prêmio Nobel de Química
em 1995. E eu fui posto na geladeira entre 1992 e 1997, e nunca mais fui
convidado para nada”, recorda.
Eis que em abril deste ano pesquisadores da NASA deram força para Molion retomar a defesa de sua teoria. Experimentos
realizados em um dos laboratórios da agência espacial norte-americana
demonstraram que a probabilidade da quinta equação descrita pelo vencedor do
Prêmio Nobel ocorrer é de 10-7. “Ou seja, não existe”, exclama Molion.
“Finalmente apareceu alguém para mostrar que, mesmo em laboratório, é muito
difícil conseguir que essa reação exista. Portanto o cloro não pode ser
liberado e não pode cataliticamente destruir o ozônio”, enfatiza o físico.
Ele explica que, como a molécula de CFC tem um peso molecular de cinco a seis
vezes maior do que o ar, é muito difícil fazê-la subir na atmosfera. “Se
levantar ar seco já é difícil, imagina uma molécula mais pesada, que ainda
teria de viajar, passar pela propopausa (que é uma
inversão de temperatura) e chegar a 40 quilômetros de
altura, para depois ser quebrada pelo ultravioleta e liberar o cloro que
destrói o ozônio”, indaga Molion ao destacar que o
Protocolo de Montreal foi tão rapidamente aceito por prever sanções severas
aos países que não o assinassem.
Fonte: Carbono Brasil
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