CONTROLE BIOLÓGICO
http://www.fam.br/microrganismos/t_tm_controle_biologico.htm
O controle biológico de pragas visa a redução de prejuízos através de ações selecionadas após os sistemas vitais tanto dos predadores como das pragas terem sido compreendidos e as conseqüências ecológicas, bem como as econômicas, destas ações tenham sido previstas, o mais acuradamente possível, para o melhor interesse da sociedade.
O controle biológico pode ser definido como quaisquer atividades envolvendo a manipulação de inimigos naturais tais como predadores, parasitas ou patógenos para reduzir ou suprimir uma população animal ou vegetal que represente uma praga. Um programa completo de controle biológico cobre uma ampla gama de atividades, desde a simples conservação de inimigos naturais através de criteriosa seleção de um pesticida que lhes seja menos tóxico até a liberação deliberada ou introdução de inimigos naturais.
O controle biológico é o uso de um organismo especialmente escolhido para controlar um outro que represente uma praga. É uma forma de manipular a natureza para obtenção de um efeito desejado.
Vantagens do controle biológico
A incorporação do controle biológico como parte de um programa integrado de controle de pragas reduz os riscos legais, ambientais e públicos do uso de produtos químicos. Métodos de controle biológico podem ser usados em plantações para evitar que populações de pragas atinjam níveis danosos.
O controle biológico pode representar uma alternativa mais econômica ao uso de alguns inseticidas. Algumas medidas de controle biológico podem evitar danos econômicos a produtos agrícolas. A maioria dos inseticidas apresenta amplo espectro de atuação e matam de modo não específico outros animais ecologicamente importantes e potencialmente úteis. Os inimigos naturais usualmente têm preferências muito específicas para certos tipos de pragas e podem não causar dano algum a outros animais benéficos e a pessoas, havendo menos perigo de impacto sobre o ambiente e qualidade da água. Quando usados adequadamente, vários produtos comerciais para controle biológico podem ser bastante eficazes.
Desvantagens do controle biológico
O controle biológico requer planejamento e gerenciamento intensivos. Pode demandar mais tempo, mais controle, mais paciência, mais educação e treinamento. O uso bem sucedido do controle biológico requer um grande entendimento da biologia da praga e a de seus inimigos. Muitos inimigos naturais de pragas são sensíveis a pesticidas e seu uso em um programa de controle biológico requer muito cuidado. Em alguns casos, o controle biológico pode ser até mais caro que o de pesticidas. Freqüentemente, os resultados do uso de práticas de controle biológico não são tão dramáticas ou tão rápidas como aqueles do uso de pesticidas. A maioria dos inimigos naturais atacam somente tipos específicos de animais, ao contrário dos pesticidas de amplo espectro.
As três principais abordagens do controle biológico
O controle biológico faz uso de predadores de ocorrência natural, parasitas e patógenos para controlar pragas. Há três abordagens principais para usar inimigos naturais contra populações indesejadas de animais ou plantas.
Desenvolvimento de um plano de controle biológico
O controle biológico é um instrumento a ser considerado na montagem de um esquema integrado de controle de pragas para a proteção da produção agrícola. Em um programa completo de gerenciamento de pragas, doenças, ervas-daninhas e o crescimento de outras plantas deve ser considerado bem como insetos e ácaros. No controle biológico, cada espécie que se quer proteger deve ser considerada individualmente.
Antes de se tentar o uso de predadores naturais em um programa de controle biológico, deve-se ter um grande conhecimento a cerca da praga em questão e do sistema de gerenciamento da produção agrícola que se quer proteger. Deve-se incluir uma identificação positiva das pragas. Uma vez que muitas decisões administrativas devem ser tomadas ao se usar inimigos naturais, as chances de fracasso são grandes quando estas são usados incorretamente. Um planejamento cuidadoso é crítico para assegurar que o produto selecionado para uso seja o correto para uma dada situação e uma praga específica, que a qualidade seja adequada e que o tempo e a quantidade de aplicações sejam corretos.
Microrganismos utilizados no controle biológico
BACTÉRIAS |
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Microrganismo |
Inseto controlado |
Bacillus thuringiensis |
lepidópteros, larvas aquáticas de mosquitos (Aedes spp, Anopheles spp, Culex spp), borrachudos |
Bacillus popilliae |
larvas de besouros da família Scarabaeidae |
FUNGOS |
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Microrganismo |
Inseto controlado |
Aspergillus flavus |
larvas de Culex sp |
Beauveria bassiana |
larvas de mosquitos e moscas |
Beauveria brongniartii |
baratas |
Metarhizium anisopliae |
cigarrinha da cana-de-açúcar: Mahanarva posticata cigarrinha das pastagens: Deois zulia broca da cana: Diatraea saccharalis percevejos da soja: Nezara sp e Piezodorus sp reduvídeos: insetos da família Reduviidae |
Nomuraea rileyi |
ordens Coleoptera, Lepidoptera e Orthoptera |
Paecelomyces fumoroseus |
larvas de mosquitos e moscas |
VÍRUS |
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Vírus |
Inseto controlado |
Baculovirus anticarsia (NPV) |
Anticarsia gemmatalis (lagarta da soja) |
No programa de utilização do Baculovirus anticarsia deve-se considerar a contribuição natural do fungo Nomuraea rileyi (doença branca) que em condições de alta umidade é fator fundamental para suprimir populações de lagartas de Anticarsia gemmatalis em lavouras de soja. Nos anos de seca prolongada, durante a safra, quando o fungo não é eficiente, o vírus seria utilizado em pulverização.
Uso de plantas transgênicas no controle biológico
Em 1996, pela primeira vez variedades de batata, algodão e milho contendo genes modificados da toxina inseticida de Bacillus thuringiensis foram vendidas a plantadores. Vários benefícios podem advir da produção da toxina inseticida de Bacillus thuringiensis por plantas de interesse econômico. A toxina é produzida continuamente nos tecidos vegetais e parece persistir por algum tempo e, portanto, são precisas poucas aplicações de outros inseticidas, reduzindo custos operacionais. Os biopesticidas transgênicos são menos danosos ao ambiente que os pesticidas químicos e não afetam insetos benéficos.
Fontes
Alves SB. Controle Microbiano de Insetos (cood.), Editora Manole, SP
Schnepf E, Crickmore N, Van Rie J, Lereclus D, Baum J, Feitelson J, Zeigler DR & Dean DH 1998. Bacillus thuringiensis and its pesticidal crystal proteins. Microbiology and Molecular Biology Reviews 62: 775-806.
Orr D, Bambara S & Kaper, J. 1977. Department of Entomology, North Carolina State University, Center for IPM, NC State University