Rochedos abrigam corais e medusas

Especialistas da UFRPE registraram 19 espécies de animais aquáticos do grupo dos cnidários nas ilhas de São Pedro e São Paulo, na costa nordestina

por VERÔNICA FALCÃO

Pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) identificaram nos Rochedos de São Pedro e São Paulo, a 1.100 quilômetros de Natal, 19 espécies de cnidários, grupo de animais aquáticos que inclui os corais, medusas e anêmonas. O levantamento, iniciado em 1998, revela que o isolamento geográfico e afastamento da costa não fazem do arquipélago um lugar tão inóspito quanto se pensava.

Os cnidários – o termo significa animais urticantes – habitam o arquipélago e foram registrados em profundidades de até 60 metros. A diversidade encontrada, segundo os responsáveis pelo estudo, é comparável à do Atol das Rocas (21) e do Parcel de Manoel Luiz, no Maranhão (20), mas inferior à de Fernando de Noronha (37). "Mesmo assim é um número considerável, levando-se em conta as condições adversas do arquipélago, a exemplo da pouca quantidade de hábitats e do pequeno tamanho das ilhas", explica a coordenadora da pesquisa, a bióloga Fernanda Amaral.

Os mergulhos para coleta foram feitos até agora por dez pessoas, entre professores e estudantes de Biologia. O material é identificado no Laboratório de Ambientes Recifais da UFRPE, coordenado por Fernanda, com a colaboração de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). Na opinião da pesquisadora, a fauna de cnidários do arquipélago – o mais isolado do mundo e composto pelas menores ilhas – é semelhante à encontrada na costa brasileira.

Isso comprova os estudos sobre as correntes marinhas que chegam ao arquipélago. "As larvas dos cnidários que povoaram o arquipélago certamente são provenientes da contra corrente equatorial, que sai da costa brasileira em direção ao Atlântico", diz. Anteriormente, lembra ela, pensava-se que a corrente predominante era a sul-equatorial. "Agora se sabe que as duas atuam, só que uma é profunda e a outra, superficial".

Para Fernanda Amaral, conhecer os cnidários do arquipélago não é importante apenas para a taxonomia, área da biologia que se dedica à classificação dos seres vivos. "Os cnidários têm uma importância fantástica para a indústria farmacêutica. E, para se conduzir pesquisas nessa área, é preciso primeiro conhecer as espécies", justifica. Pesquisas anteriores já haviam revelado a ocorrência de cnidários no arquipélago. "Porém, das 19 identificadas desta vez, 11 nunca tinham sido registradas no local", explica.

Os cnidários possuem uma única abertura, por onde se alimentam e eliminam os resíduos. Em todo o mundo, a diversidade desse grupo de invertebrados marinhos chega a 11 mil espécies, enquanto no Brasil esse número é de 470.