SOLTURA AJUDARÁ NA RECOMPOSIÇÃO DE CORREDOR BIOLÓGICO DA ESPÉCIE

Com a reintrodução na natureza de Aldo e Pipinha na Praia do Patacho, em Alagoas, o Centro Peixe-boi/Ibama está recompondo o corredor biológico da espécie Trichechus manatus. Nesse trecho do litoral do Nordeste não se tinha mais registros da presença de peixe-boi marinho. Esses mamíferos aquáticos, tão gigantescos quanto dóceis, foram quase dizimados do litoral do Nordeste. Estima-se que a população desses sirênios na costa nordestina não ultrapasse 250 exemplares.

Aldo foi resgatado no dia 21 de fevereiro de 1996 na praia de Quixaba, Ceará. Pipinha chegou ao Centro Peixe-boi, em Itamaracá, no dia 5 de novembro do mesmo ano, salva de um encalhe na praia de Pipa, no Rio Grande do Norte. Até se adaptarem ao ambiente marinho, Aldo e Pipinha podem encalhar novamente, assim como aconteceu com o casal Astro e Lua, soltos na natureza em outubro de 94, antes de se acostumarem com o movimento do mar.

Uma equipe da base do Centro Peixe-boi em Alagoas está acompanhando as primeiras semanas do casal na natureza. "Contamos com o apoio da comunidade de Porto de Pedras", diz Régis Pinto de Lima, chefe nacional do Centro Peixe-boi. A soltura de Aldo e Pipinha faz parte do Projeto de Manejo Integrado de Ambientes Recifais, desenvolvido na APA dos Corais com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento.

 

TIGRES E ELEFANTES GANHAM PASSAGEM MAIS FÁCIL PELA FRONTEIRA DO NEPAL
Kathmandu, Nepal - Uma equipe de observadores confirmou que tigres de bengala e elefantes asiáticos estão usando o corredor biológico de Khata - que liga o Parque Nacional Real de Bardia, no Nepal, ao Santuário Selvagem de Katarniaghat, na Índia. Moradores da região também confirmaram a movimentação das duas espécies no corredor.
O corredor florestal de três quilômetros está localizado em uma área de planície de savana e gramíneas, o arco de Terai, que fica na fronteira entre o Nepal e a Índia. Tigres, elefantes e rinocerontes de um chifre habitam a região, juntamente com cerca de 6 milhões de pessoas que dependem de seus recursos para a sobrevivência. A vida selvagem normalmente é restrita a parques nacionais e reservas naturais, várias das quais são muito pequenas para abrigar populações muito grandes de animais.
Um dos principais objetivos do Programa do Arco do Terai iniciado pelo WWF é restaurar os corredores florestais que ligam as áreas protegidas das planícies do Nepal e as áreas protegidas na Índia, para facilitar a movimentação das espécies. O WWF se uniu a organizações governamentais e não-governamentais na iniciativa, bem como grupos comunitários locais, lançando programas integrados de conservação e desenvolvimento para restaurar os corredores por meio de atividades florestais comunitárias, plantações e programas de regeneração natural das áreas afetadas.
O corredor Khata foi identificado como uma área crítica para o trabalho de restauração iniciado em 2001. O corredor consiste de áreas com boa cobertura florestal, áreas degradadas e áreas agrícolas, sendo cercada por 11 comunidades florestais. Cerca de 300 famílias vivem na região. O Departamento Nacional de Parques e Conservação Selvagem do Nepal estima que existam cerca de 40 tigres em idade de reprodução no vizinho Parque Nacional de Bardia.
O WWF-Nepal e o departamento florestal local trabalharam juntos para passar as áreas de floresta degradada para as comunidades locais, por meio de um programa florestal comunitário. O reflorestamento e a regeneração natural foram melhorados para aumentar a cobertura florestal no corredor.
"Cinco comunidades florestais já foram registradas e entregues às comunidades interessadas, com a entrega das demais florestas encontrando-se em andamento", informa Dhana Rai, co-responsável pelo Programa do Arco do Terai, do WWF.
As florestas plantadas e recuperadas contribuíram significativamente para a região, permitindo que mamíferos de grande porte passassem a usar o corredor Khata em sua movimentação sazonal. Segundo a população local, os animais chegam ao corredor vindos de áreas florestais próximas localizadas ao sul durante a estação chuvosa, quando os afluentes do rio Karnali transbordam e inundam a região fronteiriça.
O Arco do Terai é uma das ecorregiões do Global 200 do WWF, um ranking científico global dos hábitats mais importantes em termos biológicos de todo o mundo, nos quais o WWF concentra seus esforços. Também é uma área prioritária para o Fundo Salve o Tigre, incluindo dois Patrimônios Naturais da Humanidade das Nações Unidas. No Nepal, a ecorregião cobre uma área de 22.288 km2, incluindo quatro áreas protegidas: Reserva Natural de Parsa, Parque Nacional Real de Chitwan, Parque Nacional Real de Bardia, e Reserva Natural Real de Suklaphanta.


Mesoamérica: Ressussitar a Natureza como Meio de Vida

Por Frank A. Campbell — Tradução por Regina Whitaker*

 

Imagine uma floresta começando na América do Sul, passando pela América Central e continuando até a América do Norte e você acabou de imaginar como era no passado. Hoje, infelizmente, esta rica mainifestação da natureza está reduzida a um grande número de florestas isoladas enfrentando o fantasma da destruição.

Só na Mesoamérica – Sul do México e os sete países da América Central – 44 hectares de florestas são perdidos a cada 60 segundos, principalmente para satisfazer a demanda por madeira. Se isto continuar sem freios, a área ficará virtualmente sem florestas em uma década e meia. Pelo menos 42 espécies de mamíferos, 31 espécies de aves e 1.541 espécies de plantas altas (sem contar algas por exemplo) acreditamos estar correndo risco de extinção.

Esta é uma perda potencial da biodiversidade que nem a região nem a comunidade global podme suportar. Apesar de medir somente 768.990 km, ou seja, aproximadamente 1% das terras acima do mar, esta área constitue 8% da biodiversidade da Terra e está entre as mais ricas do mundo.

O Panamá sozinho tem 929 espécies de aves, mais que o Canadá e os Estados Unidos juntos. Belize tem somente 22.965 km2 em área, mas é o lar de mais de 150 espécies de mamíferos, 540 espécies de aves e 151 espécies de anfibios e répteis. Costa Rica, com uma área menor que a Dinamarca, contém mais de 55 unidades de biotas distintas – comunidades de plantas e animais com formas de vida e condições ambientais similares. Esta região abriga mais de 365.000 espécies de arthropods (um grande número de invertebrados, variando de pequenas aranhas a grandes carangueijos). Sim, são 1.000 espécies para cada dia do ano! Há mais de 800 espécies de orquídeas na Nicarágua. Quase 70% da flora vascular das altas montanhas da Guatemala são endêmicas daquele país.

A América Central sozinha tem de 20.000 a 25.000 plantas da espécie vascular. A mesma quantidade é encontrada no Peru, que é 4 vezes maior, ou nos Estados Unidos, que é 15 vezes maior. Ainda mais, o principal centro arqueológico remanescente da civilização dos Maias está localizado no Corredor Biológico da Mesoamérica.

A notícia ruim é que a situação de conservação de um terço da Mesoamérica, ou seja 33 ecoregiões, está sendo considerada como "crítica", e outro terço está sendo visto como "em perigo". Sobra apenas um terço de área considerada como "aceitável" em termos de saúde ecológica.

Felizmente, um importante programa foi iniciado, denominado "Corredor Biológico da Mesoamérica" a fim de ajudar a salvar a biodiversidade deste importante pedaço da superfície da Terra. "Hoje", informa uma declaração de 11 de Abril de 2000, feita pelo departamento de comunicações do programa, "se inicia um dos mais ambiciosos programas sociais e ambientais da América Central e região do Sul do México". O objetivo do programa, a nota informa, é a recuperação da "cadeia de florestas que até poucos anos atrás ligava a América do Sul com a América do Norte e que agora se parece mais com uma série de conglomerado inútil ameaçada por sentimentos indiscriminados."

Este programa, com sede em Nicaragua, representa mais do de um projeto de esperança na área ambiental. Projeta uma nova América Central no cenário político. Na abertura oficial em 11 de Abril, o Ministro do Meio Ambiente e Recursos Naturais da Nicaragua, Roberto Stadhagen, declarou que "Esta iniciativa reintroduz a região da América Central aos olhos do mundo como uma região de progresso e desenvolvimento sustentável. Após ser conhecida por conflitos e guerras, emergimos agora como um exemplo brilhante de cooperação internacional para a paz, democracia e meio ambiente."

Sem dúvida, o programa do Corredor Biológico da Mesoamérica representa o estudo internacional de cooperação em altos níveis. Em seu discurso de abertura, o Presidente da Nicaragua Arnoldo Aleman expressou reconhecimento especial e apreciação pelo Global Environment Facility (GEF), o United Nations Development Programme (UNDP) e ao governo alemão pelo suporte ao programa. O GEF, por exemplo, está contribuindo com quase US$ 11 milhões e este investimento está sendo cuidado pelo UNDP. Entre outras fontes de suporte ao programa estão o Banco Mundial e o DANIDA, a agência de ajuda do Governo Dinamarquês.

A necessidade de colaboração internacional para salvar a natureza daquela região se tornou mais evidente com passar dos anos, cada vez que cada país criava uma instituição, normalmente em nível ministerial, visando a união de esforços para enfrentar os dois problemas gêmeos: a economia pobre e a degradação ambiental. No curso dos últimos 30 anos, os governos da Mesoamérica estabeleceram 461 área protegidas. Esta região compreende quase 31% do território (em Belize) e 2% (em Honduras, Nicaragua, El Salvador e México).

Regionalmente, estas áreas totalizaram 18 milhões de hectares. Somente metade das áreas protegidas tem qualquer tipo de funcionários. Cerca de 88% encontra-se sem qualquer espécie de projeto de administração. A maior parte do território ainda não foi demarcado. Apenas cerca de 40 dos 461 hectares foi beneficiado com programas de pesquisas. Poucos têm à sua disposição os benefícios legais e institucionais para facilitar a conservação da biodiversidade ou a produção sustentável de produtos e serviços para manter o desenvolvimento da demanda da região.

Ainda mais, 270 hectares – mais da metade – é muito pouco para causar um impacto significativo na biodiversidade, se não se unir a outras área protegidas. Então a importância do trabalho de cooperação regional conjunta da Mesoamérica. Esta iniciativa se volta para 1989 quando os Presidentes da América Central assinaram o Acordo de Proteção Ambiental da América Central e estabeleceram a Comissão Ambiental de Desenvolvimento da América Central (CCAD). Desde então, uma cultura de cooperação caracterizou os trabalhos dos ministérios na região. Hoje a região fala em uníssono a respeito de assuntos ambientais, o tem sido imprescindível para o desenvolvimento da Agenta Ambiental da América Central. Esta Agenda formou as bases para o trabalho regional no Rio Summit 1992.

O CCAD, elevado a categoria de secretaria ambiental dentro do Sistema de Ingtegração Ambiental da América Central (SICA), um movimento de integração regional, foi instrumental na coesão das vozes regionais e internacionais. Também ajudou a fortalecer os ministros do meio ambiente dos países e foi o marco inicial de várias atividades regionais, incluindo a iniciativa do Corredor Biológico Mesoamericano.

Enquanto dirigido à revitalização do corredor natural do norte do México ao sudoeste do Panamá, a iniciativa, de acordo com sua fonte no web, "não está focada exclusivamente na proteção de animais, plantas e microorganismos que habitam as florestas tropicais, mas acarretará em benefícios numa sequência de prioridades ao povo que lá habita, a todos os Mesoamericanos e, por extensão, a todo o mundo".

Para conseguir todas estas coisas, o programa está sendo construido sobre dois pilares mestres. O primeiro e mais conhecido, a conservação da biodiversidade. Isto inclui o fortalecimento das áreas protegidas e a construção de integração entre elas.

O segundo pilar é o uso sustentável dos recursos da região. Mais do que criar normas de política informando ao povo o que não devem fazer com as florestas, por exemplo, o programa vai educá-lo em como e o quê podem fazer sem causar danos ecológicos. Agricultura ambiental – incluindo produção de produtos orgânicos – como também ecoturismo, proteção à pesquisa farmacológica e reflorestamento foram identificados como possíveis areas de atividades e investimentos.

O governo da região espera que, com a revitalização das florestas, venha a contribuir com um "grão de areia", para citar as palavras do Ministro Stadthagen, a fim de reverter a tendência de aumento da temperatura global.

Resumindo, os patrocinadores e responsáveis pelo programa acreditam que, com seus esforços para recriar o futuro, ele se torne mais fácil. Carmelo Angulo do UNDP pensa ter capturado a visão do futuro, já benefíciando os participantes do lançamento do programa.

"Pessoalmente", disse Angulo, "quero acreditar que muitos estarão presentes nos próximos seis anos, quando será feita uma avaliação do sucesso e dos benefícios conseguidos por este grande programa regional que está sendo desenvolvido. Estou totalmente confiante de que naquele momento a região terá mudado para melhor, o panorama do desenvolvimento humano ficará mais nítido e novas oportunidades se abrirão para que afinal uma melhor e mais longa vida seja acessível a todos."

 

Tradução

Regina Whitaker* é Advogada ambientalista especializada em Mudanças Climáticas, colaboradora da Rede CTA-UJGOIAS/CES FAU Email:<regina_whitaker@uol.com.br>

 

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Programa Corredor Cultural Ecológico Social Nhandara do Iguaçú

 

A sociedade organizada vem discutindo ao longo dos últimos anos, propostas que viabilizem o desenvolvimento sustentável no Estado do Paraná, a fim de resgatar emprego e renda nas diferentes comunidades, porém, sem prejuízo ao meio ambiente.

A recomposição das nascentes e das matas ciliares dos rios de nosso Estado, mais especificamente a recuperação de mananciais, de reservatórios de hidroelétricas, do entorno das unidades de conservação de proteção integral, corredores de biodiversidade e bacias hidrográficas, com prioridade, inicialmente, para a região centro-sul do Estado do Paraná é a nossa meta.

O Rio Iguaçu abrange a maior bacia hidrográfica do Estado, com cerca de 57.329 km2, cortando o Paraná no sentido leste-oeste, com um percurso total de 910 quilômetros, de sua nascente situada na vertente ocidental da Serra do Mar, no município de Piraquara, até o município de Foz do Iguaçu, onde deságua no Rio Paraná. A Bacia do Rio Iguaçu é uma das mais preservadas, se comparada com as outras micro-bacias do estado.

O Programa "Nhandara do Iguaçu" pretende realizar um trabalho de conscientização junto às comunidades pertencentes à Bacia do Rio Iguaçu, com trabalhos de cunho sócio-cultural envolvendo Educação Ambiental (Noções de Meio Ambiente, Coleta Seletiva, Programa 5 S's, Filosofia dos 3 R's, plantio de mudas nativas), Teatro, Música e diversas outras atividades culturais, visando a recuperação de áreas degradadas, e do restabelecimento do equilíbrio ambiental, promovendo assim a possibilidade da criação efetiva dos "corredores da biodiversidade". A palavra "NHANDARA", adotada como sendo o nome do presente programa, vem do Tupi que significa "Aquele que corre".

O conceito de corredor biológico implica em uma interligação entre zonas protegidas e áreas com biodiversidade importante, a fim de contrapor-se à fragmentação dos habitats, ou seja, estabelecer ligações que ultrapassem os obstáculos criados pelo homem (como por exemplo: cidades, barragens, estradas, monoculturas extensivas, dentre outros).

Atualmente, estes "corredores" estão sendo empregados como uma nova e eficiente ferramenta para promover a conservação da natureza (vide anexo I), favorecer e promover o desenvolvimento sustentável das comunidades, através de ações sociais, ecológicas e culturais.

A visão de "o que poderemos fazer", a fim de resgatar todos estes valores perdidos ao longo do tempo, para transmiti-los às gerações futuras, passa pela história de cada uma destas localidades, ou seja, pela História do Paraná. Para podermos melhor enxergar as ações a serem desencadeadas, implantadas e acompanhadas no futuro, visando o desenvolvimento sustentável ao longo da Baia do Rio Iguaçu, precisamos necessariamente, olhar para o passado. Foi durante o século que passou que "o homem" causou a maior destruição ao meio ambiente. Será necessário correr atrás do tempo perdido, a fim de reverter esta situação, procurando preservar a biodiversidade remanescente.

O Programa "Nhandara" do Iguaçu se apresenta subdividido em 3 grandes ações básicas: a SOCIAL, a ECOLÓGICA e a CULTURAL. Para tanto, foram desenvolvidos projetos independentes, porém, complementares, o que possibilitará adequação a situações diferenciadas, sempre respeitando as características particulares de cada local de aplicação do presente programa.


 

CORREDOR ECOLÓGICO ARAGUAIA/BANANAL TERÁ O TRIPLO DO TAMANHO DO ESTADO DE ALAGOAS

Com o triplo do tamanho do estado de Alagoas, os nove milhões de hectares do Corredor Ecológico Araguaia/Bananal - um dos mais modernos instrumentos de planejamento e de gestão de ecossistemas para a conservação da natureza - ligarão as áreas protegidas de trinta e nove municípios dos estados de Goiás, Tocantins, Pará e Mato Grosso protegendo a biodiversidade de uma das mais importantes áreas de transição (ecótonos) entre os biomas Cerrado e Amazônia.

Portaria criando o Araguaia/Bananal será assinada pelo presidente do Ibama, Rômulo Mello, durante o IV Seminário de Gestão Sócio-Ambiental no município de Conceição do Araguaia/PA, dias 04 e 05 próximos, para discutir com as comunidades locais envolvidas os problemas ambientais mais cruciais para a conservação dos ecossistemas abrangidos pelo corredor ecológico.

O encontro organizado pela coordenadoria geral de Ecossistemas da diretoria de Ecossistemas do Ibama será no Hotel Tarumã. Segundo o coordenador do projeto do Ibama, geólogo Zanoni Carmo Arouck Ferreira, a região do Corredor Araguaia/Bananal tornou-se prioritária para a conservação da natureza através de Estudos de Representatividade Ecológica realizados pelo Ibama/WWF, em 1999, sob três pontos de vista ecológicos: é uma das mais importantes áreas de transição (ecótonos) entre os biomas Cerrado e Amazônia; localiza-se em uma das principais bacias hidrográficas do país - a do Araguaia/Tocantins; e, contém significativas áreas úmidas identificadas pela Convenção Ramsar.

Corredor Ecológico é um extenso conjunto de ecossistemas que compõem uma eco ou uma biorregião conectando populações biológicas e áreas protegidas a fim de conservar e preservar a biodiversidade, o uso e o desenvolvimento sustentável dos recursos naturais, e a repartição eqüitativa da riqueza para as presentes e as futuras gerações.

Zanoni ressaltou que, usados estrategicamente, os corredores ecológicos e as zonas de amortecimento podem mudar o papel ecológico das áreas protegidas porque servem para aumentar o tamanho e as chances de sobrevivência - mediante a recolonização de populações perdidas de diferentes espécies. Os corredores servem, ainda, para reduzir a pressão no entorno das unidades de conservação.

O Araguaia/Bananal se estruturou a partir de onze áreas protegidas com alto grau de conectividade localizadas em vinte municípios do Tocantins, oito de Mato Grosso, sete de Goiás e, quatro do Pará. Ele se estenderá por 562 mil 312 hectares do Parque Nacional do Araguaia/GO, 357 mil 126 ha da Área Federal de Proteção Ambiental dos Meandros do Araguaia/GO, 89 mil ha do Parque Ecológico Estadual do Cantão/TO, 16 mil 780 km2 da Área Estadual de Proteção Ambiental do Bananal/Cantão/TO e, 2 milhões de hectares de 6 territórios indígenas da região.

Do sul do Pará ao norte de Mato Grosso, o Corredor Ecológico Araguaia/Bananal abrangerá os seguintes municípios: Tocantins - Abreulândia, Araguacema, Araguaçu, Barrolândia. Caseara, Couto de Magalhães, Cristalândia, Divinópolis do Tocantins, Dois Irmãos do Tocantins, Dueré, Formoso do Araguaia, Goianorte, Juarina, Lagoa da Confusão, Marianópolis do Tocantins, Miracema do Tocantins, Miranorte, Paraíso do Tocantins, Pium e, Sandolândia. Mato Grosso - Água Boa, Cocalzinho, Luciara, Nova Xavantina, Nova São Joaquim, Santa Terezinha, São Félix do Araguaia e, Vila Rica. Goiás - Aruanã, Britânia, Crixás, Mozarlândia, Mundo Novo, Nova Crixás e, São Miguel do Araguaia.

Pará - Conceição do Araguaia, Redenção, Santa Maria das Barreiras e, Santana do Araguaia. O Araguaia/Bananal está sendo estruturado a partir de seminários regionais e parcerias com instituições governamentais federais e estaduais, prefeituras, Ongs, e a sociedade organizada (associações, colônias, sindicatos, cooperativas, etc.).

O seminário - além dos representantes do Ibama participarão do seminário os prefeitos dos municípios envolvidos no corredor e Ong's. O biólogo da coordenadoria de Ecossistemas do Ibama, Moacir Bueno Arruda, fará palestra sobre "Gestão Biorregional e Corredores Ecológicos"; o técnico do Incra, Gutemberg Alves dos Reis, falará sobre a situação fundiária dos assentamentos dos respectivos municípios do Pará; enquanto o coordenador geral de Licenciamento Ambiental do Ibama, Remy Toscano, abordará os possíveis impactos ambientais decorrentes da implantação dos empreendimentos hidrelétricos na bacia do rio Araguaia.

 


Um estudo do Ibama propõe a
interligação dos parques e reservas
naturais da Amazônia

Eduardo Junqueira

Até o final deste ano a Floresta Amazônica vai encolher 2 milhões de hectares. É uma área verde equivalente à do Estado de Sergipe, colocada abaixo para a extração de madeira, abertura de estradas e queimadas. Pior que as dimensões da devastação é o seu ritmo, que praticamente dobrou nos últimos quatro anos. Um grupo de especialistas contratados pelo Ibama acaba de concluir um estudo que, se não coloca um ponto final no problema, tem o mérito de propor novas alternativas de sobrevivência para milhares de espécies que habitam a maior floresta do planeta. Ele propõe a criação de cinco grandes corredores biológicos interligando parques e reservas naturais, de modo que os animais possam transitar livremente por eles. Além desses cinco corredores amazônicos, o projeto prevê mais dois na Mata Atlântica, na região litorânea do país.

O corredor biológico é um conceito novo em preservação do meio ambiente no mundo inteiro. Sua grande vantagem é que se pode fazer muito com poucos recursos. Os corredores propostos na Amazônia, por exemplo, cobririam 34% da área total da floresta, mas neles estão concentrados 75% de toda a biodiversidade da região. Isso inclui a sumaúma, a maior árvore amazônica, e animais muito ameaçados de extinção, como o macaco uacari-branco, o peixe-boi, a onça e a ararajuba (veja quadro). Com apenas esses cinco corredores seria possível interligar 73 unidades de conservação — incluindo vários parques nacionais —, mais 116 reservas indígenas já existentes.
 
Caçar e procriar — A criação de corredores não significa que o restante da floresta hoje existente poderia ser destruído sem problemas. É apenas uma garantia de espaço mínimo para as espécies. Território contínuo é importante por várias razões. A mais óbvia é a possibilidade de abrigar grandes mamíferos, que necessitam de áreas extensas para caçar e procriar. Além disso, animais de uma mesma espécie que nunca se encontravam, por viver em reservas isoladas, poderão procriar juntos, o que aumenta sua variabilidade genética. “Isso é fundamental para fortalecer espécies ameaçadas contra pragas e predadores”, diz Gustavo Fonseca, um dos autores do estudo.

Fora do Brasil, há outras propostas ambiciosas de corredores biológicos. Uma delas, discutida há cinco anos, pretende desenhar uma linha verde através de toda a América Central, partindo de Belize até o Panamá e atingindo sete países. Seria o primeiro passo para permitir que felinos de grande porte, como as onças, possam deslocar-se da Patagônia, no extremo sul da Argentina, até o norte do Canadá, como ocorria no passado. Aberto o canal, estima-se que um grande fluxo de material genético volte a se movimentar entre a América do Norte e a do Sul. Ao contrário do que ocorre na Amazônia, a criação do corredor na América Central esbarra no grande número de cidades construídas ao longo do caminho.

 

Oásis na selva

Onde ficam os corredores biológicos planejados na Amazônia e alguns exemplos de espécies que seriam protegidas

Norte - Na fronteira com a Venezuela e a Colômbia, engloba o Parque do Pico da Neblina. É habitado pelo galo-da-serra

Central - O corredor mais próximo de Manaus é cortado pelo Rio Negro e tem animais como o peixe-boi e o uacari-branco

Oeste - Inclui os seringais do Acre e é o refúgio de onças e outros mamíferos de grande porte

Ecótones Sul-Amazônicos - Na divisa com o cerrado, abriga o lobo-guará e o tamanduá-bandeira. Abrange o Parque Nacional do Araguaia e a Reserva Caiapó

Sul - É a região mais ameaçada pelo desmatamento, motivado pela extração de madeiras nobres, como o mogno. É onde vive a ararajuba


Jalapão terá corredor ecológico

Com 31 mil Km2, novo corredor interligará cinco unidades de conservação, em quatro estados

São Paulo - O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) acaba de criar mais um corredor ecológico no Cerrado, bioma que ocupa um quarto do território nacional e do qual restam apenas 20% de remanescentes. Com 31 mil Km2, o corredor Jalapão/Chapada das Mangabeiras vai proteger uma das maiores extensões ainda conservadas do Cerrado brasileiro, numa área de grande biodiversidade e fragilidade, na divisa dos estados do Tocantins, Maranhão, Piauí e Bahia.

O corredor ecológico tem a finalidade de conectar cinco unidades de conservação: Estação Ecológica Serra Geral (divisa TO/BA), Parque Nacional Nascentes do Parnaíba (PI/MA/TO/BA), Áreas de Proteção Ambiental (APAs) Serra da Tabatinga e do Jalapão (TO) e Parque Estadual do Jalapão (TO). Sua extensão inclui dezessete municípios - 11 no Tocantins, 4 no Piauí, 1 no Maranhão e 1 na Bahia -, com uma população total de cerca de 20 mil habitantes, das quais sete mil no interior do corredor e treze mil em seu entorno.

Para viabilizar a implantação do corredor ecológico, o gerente Miguel von Behr está realizando, até o dia 21 de outubro, uma série de reuniões com as prefeituras e as principais lideranças de Ponte Alta do Tocantins, São Félix do Jalapão e Mateiros, os maiores municípios do Tocantins. O objetivo é apresentar propostas para ecoturismo, educação ambiental, agricultura, entre outros projetos de conservação e desenvolvimento sustentável para a região. A participação da comunidade na elaboração e acompanhamento do corredor será garantida com a criação de grupos de referência em todos os municípios envolvidos.

A criação das unidades de conservação e, agora, do corredor ecológico no Jalapão foi embasada nos resultados de uma expedição, realizada em maio de 2001, quando cerca de 30 pesquisadores do Ibama, Universidade de Brasília(UnB), Conservation International e da organização Pesquisa e Conservação do Cerrado-Pequi percorreram a região com o objetivo de estudar formas de melhorar a qualidade de vida da população, que é muito pobre, e propor projetos ambientais para a região.

Com uma das menores densidades populacionais do país (0,6 habitantes por quilômetro quadrado), semelhante à Amazônia, a região é ameaçada pelo avanço acelerado de plantações de soja e pelo turismo desordenado. “O corredor formará uma área de proteção da biodiversidade por onde os animais transitarão e procriarão em segurança, a flora será conservada e as belezas cênicas preservadas para as futuras gerações”, explica von Behr, que também coordenou a expedição.

Considerado uma das três principais áreas para a preservação do Cerrado, o Jalapão é conhecido como “oásis do cerrado” pelo volume de absorção d’água de suas chapadas e pela extensão de seus rios, onde a ação da chuva e do vento sobre as rochas forma dunas, na Serra do Espírito Santo, principal atrativo turístico da região.

No entanto, as pesquisas na área mostram que, devido às características peculiares do solo de areias quartzozas e à proximidade da maior área de desertificação do país - Gilbués, ao sul do Piauí -, o Jalapão sofre também um processo de desertificação natural, que poderá se intensificar com a utilização indevida dos recursos naturais.