ROUSSEAU E
SUA INFLUÊNCIA NA EDUCAÇÃO
Darlyne de Aquino
Giovani Benedito
Guilherme Jordão
Ivan Lemos
A educação para Rousseau é a tarefa de pensar o processo formativo
da criança de modo independente. Esta deveria descobrir o caminho de uma
educação natural e não somente aquela que foi desvirtuada pela ação do adulto.
Para Rousseau a educação natural assume um papel decisivo na
construção de um sujeito humano ético e político em seu modelo de república ( governada pela vontade geral) e para isso a criança deve
ser educada logo na infância , esse é um dos grandes passos que deve ser
trabalhado .
O desenvolvimento cognitivo e moral construído logo na infância
através do “Emílio”, um
exemplo de obra de arte na qual o homem aparece como fenômeno natural e é
desnaturado pelas instituições sociais sem matar-lhe a natureza humana e
sufocar sua bondade (PAIVA, 2007), é uma das formas essências para preservar e respeitar a
criança em seu mundo, e conduzi-la a vida adulta, que sem
dúvida consegue participar das decisões construídas pela vontade geral.
“Emílio” fornece suporte essencial para pensar a educação
infantil, pois a criança precisa ser formada como “senhora de si mesma” e
respeitada em seu mundo. Isso não significa que a criança não tenha limites
morais e políticos, mas sim , tratar bem a infância
também é integrá-la ao convívio social e para que isso aconteça é necessário
que os adultos percebam e disciplinem progressivamente seus desejos.
Assim percebemos que a educação natural de Rousseau deverá começar
a partir do momento em que a criança vem ao mundo, essa é uma das grandes
necessidades na formação do ser humano, antes mesmo de ser inserido na
sociedade como cidadão.
Rousseau parece ser um
viés possível de realização do ser humano atual, pois fornece uma educação para
a vida em sociedade, mas isso somente pode acontecer se o processo de educação
natural aconteça logo na infância e que a criança possa ser tratada e
respeitada em seu mundo e para o mundo.
Essa é a grande problemática a ser percorrida, pois Rousseau em
seu período histórico, por mais que em seu primeiro momento não foi
reconhecido, conseguiu construir no “Emílio” uma nova forma de pensar a
infância e que sem dúvida mexeu com a estrutura vigente de sua época e que essa
fundamentação teórica permaneceu viva até os dias atuais.
A relação do amor dos adultos para com as crianças, na França do
século XVIII, era algo que necessitava ser trabalhado. Por mais que os pais
gostassem de seus filhos, dificilmente admitiam amar as crianças pelo que elas
eram, mas sim, por aquilo que deveriam ser, um ideal do adulto. Até a
mortalidade infantil não significava uma perda para a sociedade, pois era
considerada algo habitual.
A sociedade da época via a criança como sendo um “adulto em
miniatura” e as crianças tinham que começar a trabalhar muito precocemente, até
mesmo a vestirem-se como adultos, participando inclusive, de festas que somente
adultos poderiam participar. Assim, percebemos que essa concepção de sociedade do
século XVII e XVIII estava sendo questionada e em particular, Rousseau consegue
com muito esforço mostrar o respeito que se deve ter com a criança e com sua
própria infância.
Esse modelo não fornece opção de liberdade necessária para que na
infância a criança pudesse compreender-se a si mesmo de forma natural, muito
pelo contrário, aprisiona e exclui a mesma. Mas uma das características cruéis
da classe dominante estava exposta na criança, pois a infância não era
respeitada enquanto infância nem mesmo pelo valor aquisitivo que a classe
dominante tinha.
O conceito de natureza boa de Rousseau entra em conflito com os
conceitos eclesiásticos de seu tempo e consequentemente
ele foi perseguido por contrariar o pensamento religioso da época. A partir da
concepção de Rousseau de natureza, a pedagogia irá trabalhar com dois
conceitos: natureza corrompida e natureza boa. Isso cria certo paradoxo e uma
reavaliação da utilidade da pedagogia. Se a natureza já vem corrompida, a
educação e toda a cultura vêm como uma forma de luta contra todas as
manifestações do homem, sendo vetados os desejos e as paixões humanas.
A função da educação é preservar a natureza boa, moralizando o
homem, pois ele nasce bom, mas não moralizado e a sua bondade, por ser
espontânea, é ainda ingênua e, para que ele posa conviver como indivíduo
social, a moral é um fator determinante. Essa liberdade bem regrada que Rousseau mostra de 0
à 2 anos tem duplo significado: há um sentido de liberdade selvagem e a outra
na liberdade bem regrada. O sentido de liberdade selvagem que Rousseau
apresenta é a liberdade na qual estão ausentes as regras, não a lei, significa
como ausência de regras.
A liberdade sem regras não
funda nenhuma moral e isto para Rousseau está presente na própria natureza e se
manifesta na própria criança, pois sem regras há uma vontade soberana, isto é, a vontade absoluta, entendida como capricho e desejo. A
criança não tem condições de fazer uma dissociação entre ela e o mundo, pois
ela não conhece a diferença entre ela e o mundo, ela pensa que o mundo e as
outras pessoas devem estar a serviços dela mesma.
Um dos pontos básico é bater de frente com o problema, pois se
isso não acontecer, vão viciar a criança, pois se não se enfrentar essa
vontade, está se deixando acentuar o “egoísmo racional”. Assim, significa dizer
que o adulto deve educar essa vontade desregrada e não pode deixar que a
criança faça o que ela quer fazer, pois respeitar o mundo da criança é impor
limites, pois, segundo Rousseau, isso é parte do projeto da educação natural.
Essa posição exige uma sensibilidade em distinguir o que é necessidade legítima
e ilegítima.
Já a liberdade bem regrada é a vontade educada, é aquela que
racionaliza as necessidades, pois consegue perceber os limites e as
necessidades emocionais que são supérfluas. O projeto de uma educação natural
se sustenta nessa dupla dimensão: a liberdade selvagem e a liberdade bem
regrada. Pois para Rousseau a criança é um ser de desejos infinitos, a questão
é trabalhar com esses desejos, é disciplinar.
Rousseau através da educação natural contribui e muito para a
infância e para o desenvolvimento do caráter das pessoas, pois a criança é
respeitada e valorizada em seu mundo. Esse respeito é tão necessário para que a
mesma possa construir seus anseios e seus limites para assim, construir um
modelo de sociedade democrática tão necessária para o governo e para as
necessidades da sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SANTOS, Almir Paulo dos.
O pensamento pedagógico de Rousseau e a
educação na infância. Disponível em: < http://www.pesquisa.uncnet.br/pdf/educacaoInfantil/PENSAMENTO_PEDAGOGICO_ROUSSEAU_EDUCACAO_%20INFANCIA.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2011.
PAIVA, Wilson Alves de.
A formação do homem no Emílio de Rousseau.
Educação e Pesquisa, São Paulo,
v.33, n.2, p. 323-333, maio/ago.
2007