QUAIS SÃO OS TIPOS DE DIVERSIDADE?

Antes de iniciarmos a discussão, você precisa relembrar (ou aprender) três letras minúsculas do alfabeto grego que serão utilizadas neste texto:
Alfa
Beta
Gama
Vamos começar com uma situação imaginária para esclarecer a diferença de três tipos de diversidade. A Figura 1 traz uma região que possui três lagos:


Figura 1. Representação de três lagos em uma determinada região e as espécies de peixes ocorrentes em cada um deles.

Como você observa, os lagos não estão conectados entre si e algumas espécies de peixes são compartilhadas entre os lagos, porém outras são exclusivas, ou seja, só habitam um dos ecossistemas. Como podemos então, caracterizar a biodiversidade nessas áreas?

Em ecologia, consideramos três tipos de diversidade: alfa, beta e gama.

1.1 Diversidade alfa ou -diversidade
Quando desejamos registrar a diversidade de espécies em apenas um dos lagos, estamos tratando da diversidade .
Desta forma, este componente mede a diversidade, em número de espécies, em um determinado local ou sistema.
A diversidade pode ser considerada como o produto da diferenciação de nicho entre as espécies que ocupam um mesmo habitat, visto que a coexistência torna-se mais difícil quando há alta sobreposição de nicho, ou seja, quando duas ou mais espécies utilizam os mesmos recursos.

1.2 Diversidade beta ou -diversidade
Por outro lado, se desejamos quantificar diferenças observadas na composição de espécies entre os lagos, calculamos a diversidade .
A -diversidade pode ser particionada ainda em outros dois componentes:

a) Turnover (‘substituição);
b) Nestedness (‘aninhamento’).

Estes dois componentes ajudam a entender se a causa da variação entre dois sistemas é a substituição de espécies ou a perda das mesmas, respectivamente. Por exemplo: vamos imaginar que o lago A abriga as espécies 1, 2, 3 ou 4; o lago B abriga as espécies 1, 5 e 6; e o lago C seja o habitat das espécies 1, 2 e 3 (Figura 1).

Caso utilizemos como base a riqueza de espécies, poderíamos deduzir, intuitivamente, que a -diversidade calculada entre os lagos A e B é similar à dos lagos A e C, pois ambas contêm uma espécie a menos (riqueza = 3 para cada) em relação ao número de espécies no lago A (riqueza = 4).

No entanto, além da riqueza, as diferenças na composição das espécies que habitam cada lago revelam a influência de processos distintos que atuam na variação da biodiversidade regional: no lago B, observamos um turnover de espécies em relação ao lago A (registro das espécies 5 e 6), enquanto que o lago C sofreu nestedeness de uma espécie presente no lago A (espécie 4), revelando uma redução na biodiversidade.

1.3 Diversidade ou -diversidade
A diversidade corresponde à diversidade regional total, ou seja, o número de espécies que ocorrem em todos os habitats/sistemas em determinada região.

No exemplo envolvendo os lagos A, B e C, a diversidade corresponderia, portanto, ao número total de espécies registrado nos três lagos, que é igual a 6 (espécies 1, 2, 3, 4, 5 e 6).

A diversidade também pode ser referenciada pela expressão ‘pool de espécies’, em que o número total de espécies em determina região representa o número de potenciais colonizadores dos diferentes sistemas que integram esta área.

Assim, na região do presente exemplo, o pool é formado por seis espécies que poderiam, teoricamente, colonizar os lagos A, B e C. No entanto, isso não ocorre na natureza devido aos diferentes filtros ambientais e características de cada sistema (no exemplo, de cada lago), que impedem a colonização por todas as espécies, e auxiliam a seleção natural daquelas mais adaptadas à cada um dos sistemas, levando à variação que corresponde à diversidade .