Dia do explorado

Carlos Roberto Appoloni

Professor e Coordenador do Grupo de Física Nuclear Aplicada da UEL (e.mail : appoloni@uel.br)

 

Próxima sexta-feira é o Dia do Professor. Mal pago, desrespeitado e desconsiderado pela elite econômica e política do país, só é lembrado nos pomposos discursos em que circunstancialmente é necessário fazer referência a este profissional, ou quando dele se requer mais um trabalho, mais uma atividade em prol da sociedade. No entanto, do professor depende toda a estrutura social do país: da educação básica à pós-graduação, do ensino profissionalizante aos cursos de inclusão social, da pesquisa científica à inovação tecnológica. Em especial, o professor do nível superior tem sob sua responsabilidade a manutenção de toda a estrutura, já que forma os profissionais de todos os níveis e áreas, assim como compõe a parte majoritária do sistema nacional de C&T. Os órgãos de fomento se orgulham dos números da produção científica e tecnológica brasileira, grande parte dela realizada em condições difíceis e estressantes; é louvada a qualidade internacional de grande parte de nossos cursos de Mestrado e Doutorado, os quais, em muitas das instituições do país, também são conduzidos a duras penas; o governo enfatiza que sem desenvolvimento em C&T não haverá desenvolvimento econômico e social. Mas, quem faz tudo isso? O professor universitário! Dele exige-se cada vez mais: melhor formação e maior produção. Ensino, pesquisa, extensão e administração da C&T: os professores são os ativadores do presente e artífices do futuro.

 

Dia de Luto

Carlos Roberto Appoloni

Professor e Coordenador do Grupo de Física Nuclear Aplicada da UEL (e.mail : appoloni@uel.br)

E qual é o reconhecimento? Salários congelados, como se professores não tivessem que comer, nem contas a pagar, nem inflação a corroer seus vencimentos. Todas as outras categorias têm reajuste anual, maior ou menor, mas tem! O salário mínimo e todos os salários dele decorrentes tem correção anual. Mas não o do professor das universidades públicas do Paraná! Toda a sociedade está sempre a desfrutar de seus conhecimentos: palestras e artigos, assessoramentos a órgãos públicos e participação em "n" conselhos e comissões, tudo sempre de graça, como "serviços relevantes prestados à comunidade". Os "serviços relevantes" dos outros profissionais são sempre remunerados, o dos professores não. Seria muita pretensão querer um mínimo de respeito e dignidade para os professores em geral e, em especial, para os professores universitários do Paraná? Dia 15 de outubro é o dia do profissional intelectualmente mais sofisticado do país e também o mais explorado. Há anos que escrevo que a Educação neste país é questão de segurança nacional e que o maior custo que o Brasil ainda carregará por muito tempo é o custo político, econômico e social da ignorância. Enquanto a sociedade continuar fazendo "cara de paisagem" frente à realidade social dos professores brasileiros, a situação não vai mudar. Proponho que no próximo dia 15 todos os professores portem uma tarja preta, ou usem roupa preta, enfim, apresentem um sinal de luto pelo desrespeito à nossa categoria!