GORDURA ANIMAL VIRA ENERGIA ALTERNATIVA
Nova técnica gera
combustível semelhante ao diesel a partir de resíduos de frigoríficos
Uma nova técnica
para produzir um combustível semelhante ao diesel foi desenvolvida no Instituto
de Química da Universidade de Brasília (UnB). O método
usa gordura residual de frigoríficos para a fabricação de bioóleo,
produto não poluente que pode ser uma alternativa para a geração de energia em
regiões isoladas do Brasil. O trabalho, que faz parte da pós-graduação do
químico André Santos, ficou em primeiro lugar na categoria mestrado do tema
energia do Prêmio Petrobras de Tecnologia 2006.
O bioóleo é obtido através da técnica do craqueamento, em que a gordura animal entra em decomposição
depois de ser aquecida até a temperatura de
O novo combustível tem vantagens ecológicas, pois se trata de uma fonte de
energia renovável e sua carga de enxofre é menor que a do diesel. Além disso, o
gás carbônico (CO 2 ) liberado na queima do
bioóleo leva menos tempo para se tornar óleo ou
gordura novamente do que o CO 2 liberado na queima de combustíveis
de petróleo, que precisa de alguns milhares de anos para se reconstituir.
“Assim, o bioóleo contribui para reduzir o acúmulo de
gases do efeito estufa”, completa Santos.
O produto será uma alternativa energética para regiões mais isoladas do país,
especialmente no Cerrado, no semi-árido nordestino e na Amazônia. “Nessas
comunidades afastadas, a dependência de diesel acaba custando muito”, explica o
pesquisador. “Acreditamos que a produção independente do combustível, de forma
auto-sustentável, vai gerar empregos e renda no campo, além de melhorar a
qualidade de vida da população.” Embora seu foco
principal sejam os motores de fazenda, o bioóleo pode
ser usado em qualquer equipamento a diesel.
Apesar de os testes realizados até o momento não mostrarem nenhum ponto
negativo para esse novo combustível, ele ainda não tem previsão de entrar no
mercado. “É preciso que o bioóleo seja regulamentado
pela ANP [Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis]
e que o governo continue enxergando essa tecnologia como uma vantagem social”, esclarece Santos. “Por enquanto, ele continuará sendo
usado apenas em poucas comunidades que fazem parte de nosso projeto para
finalizarmos alguns últimos testes”, acrescenta, destacando que todos os
resultados têm sido bastante satisfatórios.
Mariana Benjamin
Ciência Hoje On-line
27/11/2006