INFORMAÇÕES BÁSICAS SOBRE A LÍNGUA JAPONESA

 

A língua japonesa (NIHONGO, em japonês) surge no cenário lingüístico mundial como um ramo separado da filologia. Embora ela seja aparentada com o chinês em termos de escrita, sua gramática, ortografia típica e vocabulário são totalmente diversos. Ela não se aparenta com o ramo oriental de línguas ditas "tonais" (essa família de línguas inclui o chinês e todos os seus dialetos, o coreano, o vietnamita, o mongol, o tailandês, e demais línguas do extremo Oriente), pois não possui um sistema de tons; o japonês tem um ritmo de fala muito peculiar, enfático, com a característica de que as palavras, quando consideradas separadamente, não possuem acentuação ou ênfase; os acentos são dados às palavras dependendo da posição que ocupam na frase (este sistema de acentuação é denominado, no jargão lingüístico, de SISTEMA DE ACENTUAÇÃO FLUTUANTE). Além disso, seu vocabulário mescla palavras de origem chinesa a palavras "puramente" japonesas.

O sistema de escrita, como já mencionado, aparenta-se ao do chinês. Bem, em termos. Inicialmente, nos primórdios da história do Japão, a representação dos fonemas pelos primitivos AINOS (os aborígenes do Japão, comparáveis ao índios no Brasil à época do Descobrimento. Hoje, os Ainos são uma minoria da população do Japão e ficaram confinados à ilha de Hookaido, mais ao norte do arquipélago. Sua língua, possivelmente o japonês original, é entendida por poucos especialistas) era feita através de símbolos e caracteres pictográficos. Eram "hieróglifos" japoneses que foram os precursores dos modernos caracteres utilizados na escrita. Interessantemente, na China também se utilizavam caracteres pictográficos. Quando a China invadiu o Japão e levou ao País do Sol Nascente as filosofias de Buda e de Confúcio, não sabia que iria contribuir, muito mais do que em termos religiosos, com a língua do país conquistado: introduziu os caracteres chineses (já modificados para um sistema similar ao atual) que foram literalmente copiados pelos sábios japoneses. Obviamente, devido às diferenças de pronúncia e vocabulário, os caracteres chineses tiveram que ser moldados à realidade japonesa. Alguns monges de vital importância contribuíram para que este sistema de caracteres (chamados de KANJI — "letras chinesas" — e que formam o terceiro silabário japonês, composto por cerca de 1.950 símbolos) sofresse as alterações necessárias. Assim, dessa forma, os japoneses adotaram um sistema de escrita que baseava-se em caracteres pictográfico-ideográfico-fonéticos, isto é, ideogramas que transmitiam idéia de figuras, de sons e de significados mais complexos. Os kanji foram sistematicamente alterados durante os séculos, e, por volta do séc. VIII d.C., originaram dois silabários tipicamente japoneses: o primeiro, mais 'duro', anguloso, chamado de KATAKANA, e o segundo, mais 'suave', redondo, chamado de HIRAGANA. Os hiragana surgiram como um tipo de "taquigrafia" dos kanji, já que os monges budistas japoneses, no intuito de anotarem palestras de seus mestres, começaram a escrever os kanji com uma redução considerável no número de traços. Esse tipo de taquigrafia firmou-se entre os eruditos da época e finalmente consagrou o que é hoje o silabário hiragana. A origem dos katakana ainda é um pouco obscura; descartando-se as teorias míticas a respeito de sua criação, admite-se que ele tenha sido criado pelas senhoras dos lordes feudais japoneses, que desejavam copiar os manuscritos dos monges budistas, mas não conseguiam escrever as letras no modo 'suave', redondo, característico dos hiragana. As novas letras copiadas eram duras, angulosas; essas letras foram adotadas posteriormente como um silabário próprio, distinto dos kanji e dos hiragana, e utilizado para escrever palavras estrangeiras ao japonês. Essa teoria é corroborada por vários autores.

Em suma, o japonês atual é escrito utilizando-se três silabários distintos, a saber:

1. Katakana, ou silabário de palavras estrangeiras (46 sílabas);

2. Hiragana, ou silabário de múltiplos usos (46 sílabas); e

3. Kanji, ou sistema de caracteres de origem chinesa, e que podem representar imagens, sons e significados complexos (atualmente, cerca de 1.950 ideogramas).

Neste momento, você pode estar se perguntando: por que a menção de "silabários" e não "alfabetos"? Diferentemente de nossas línguas ocidentais e outras línguas do mundo, o japonês não é expresso através de letras (A,N, T etc), mas sílabas (BE, KA, TSU, YA etc). Apenas seis fonemas representam letras propriamente ditas: A, I, U, E ,O e N. Todas os demais 40 componentes dos hiragana e katakana constituem sílabas. Os dois silabários são apresentados posteriormente, com uma explicação sucinta sobre os sons principais.