Mapa da biodiversidade

Da Reportagem

A Universidade Estadual Paulista (Unesp) fará uma pesquisa para mapear a biodiversidade marinha existente no Litoral Sul do Estado. O levantamento será centrado no estudo da composição, abundância e distribuição de crustáceos e peixes com importância econômica para o mercado.

Essas informações darão subsídios para órgãos governamentais e indústrias pesqueiras que poderão desenvolver as suas atividades sem prejudicar o meio ambiente.

Para realizar o trabalho, a Unesp firmou um termo de cooperação científica com o Centro de Pesquisa e Extensão Pesqueira da Região Sudeste/Sul do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Cepsul/Ibama).

Como parte da parceria, a Unesp irá utilizar o navio oceanográfico Soloncy Moura, que pertence ao Ibama, para realizar as atividades.

O estudo será desenvolvido no campus de São Vicente por professores, pesquisadores e alunos de mestrado e doutorado da universidade.

Com base no mapeamento de fundo marinho será feito um pré-projeto, contendo um resumo do que será a pesquisa. Essa síntese será submetida à análise da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que irá fornecer os recursos financeiros para a execução do trabalho em campo.

Pesquisa no mar

No próximo mês, os pesquisadores farão o reconhecimento da área a ser estudada, que vai de Santos até Cananéia. Além disso, serão feitos o registro topográfico e as coletas-piloto para testar e adequar os equipamentos e as tecnologias ao estudo.

De acordo com o biólogo marinho Marcelo Pinheiro, coordenador do projeto, o navio abrangerá uma distância costeira de 188 quilômetros e uma área de 28 mil quilômetros quadrados. Segundo Pinheiro, durante o percurso serão recolhidas amostras biológicas e de parâmetros ambientais em locais com profundidade variando de 100 a 500 metros.

Conforme ele, o resultado do estudo será fornecido ao Cepsul/Ibama. ‘‘Como o Ibama não tem muitos dados científicos para embasar as leis e portarias que elabora, poderá se fundamentar nessa pesquisa, que também servirá para fazer o gerenciamento pesqueiro dos recursos marinhos’’.

Além de Pinheiro, os biólogos Tânia Costa e Augusto Flores (especialistas em crustáceos), Otto Bismarck Gadig (que estuda os peixes) e Mário Rollo (responsável pela parte de geoprocessamento) participarão da pesquisa.

As coletas serão feitas durante dois anos — duas em cada estação do ano — em cruzeiros com duração de oito dias cada. Para recolher as amostras serão usadas redes de 6 metros de abertura.

Paralelamente a esse estudo, os professores farão outros projetos a bordo do navio com golfinhos e baleias. A espécie de caranguejo chacecon ramosae, que não é explorada no Brasil, mas que tem muito valor econômico em outros países, também será alvo de pesquisas.