Ave migratória viaja do Maranhão ao Leste dos EUA em dez dias
da Folha Online

Um maçarico-do-papo-vermelho, ave migratória americana, viajou do Maranhão aos Estados Unidos em 10 dias e bateu o "recorde" do percurso para a espécie, informaram hoje pesquisadores do Ibama.

O pássaro marcado com um anel de metal foi solto em 11 de maio na ilha da Campechá, na baía dos Lençóis (MA), e recapturado por estudiosos americanos dez dias depois, em Slaughter Beach, no Estado de Delaware, na costa Leste dos EUA.

O deslocamento da ave pelo percurso de quase 4.000 km entre os dois Hemisférios em pouco mais de uma semana foi o mais rápido já medido pelos especialistas que acompanham anualmente a rota dessas aves. Elas viajam enormes distâncias em busca de condições ideais de sobrevivência.

Para aves da espécie a que pertence o maçarico (Calidrie canutus), o último recorde observado tinha sido uma jornada de treze dias em um percursos semelhant, também monitorado pelos estudiosos dos dois países que mantêm, juntamente com a Argentina e o Canadá, uma rede internacional de informações.

Pelo tempo de viagem, o maçarico manteve uma velocidade média de 90 km/h, sem considerar as eventuais paradas para descanso. "Proporcionalmente, essa ave é mais potente do que um Boeing que, para percorrer uma distância semelhante, precisa de uma escala de reabastecimento", compara a bióloga Inês do Nascimento, do Cemave (Centro de Pesquisa apara a Conservação das Aves Silvestres do Ibama).

Apesar da saúde e da boa disposição, os maçaricos correm o risco de desaparecer da natureza. Ao percorrerem, ano após ano, a extensa rota migratória que vai do Pólo Norte à Patagônia, elas encontram cada vez menos locais adequados para os ciclos de vida como alimentação, nidificação e reprodução.

"A degradação ambiental, principalmente na regiões costeiras dos países visitados na rota migratória, está levando as aves à extinção", alerta Inês. Ao marcar as aves com as anilhas metálicas e acompanhar todo o comportamento desse animais silvestres, os estudiosos querem criar estratégias de conservação apara as espécies migratórias e seus habitats preferidos.