MONITORAMENTO DE ÁGUA DE RESERVATÓRIOS

O IIE - Instituto Internacional de Ecologia desenvolveu projeto para monitorar, em tempo real, a qualidade da água de reservatórios de abastecimento público, represas e hidroelétricas. Com o novo sistema é possível saber se a qualidade da água está deteriorando-se, bem como tomar medidas preventivas evitando problemas para a população e para o meio ambiente. Pode-se, inclusive, melhorar a qualidade da água e diminuir os custos de tratamento.

Um dos produtos do programa, financiado pela Fapesp - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, é o Smater - Sistema de Monitoramento de Água em Tempo Real, produzido pelo pesquisador João Durval Arantes Junior. Instalado em uma plataforma ancorada na represa, o Smater registra 11 variáveis como temperatura da água, pH, nutrientes, oxigênio dissolvido, turbidez e clorofila.

Esse equipamento usa uma única sonda que começa a fazer a leitura na superfície e desce até 28 metros de profundidade fornecendo dados físicos, químicos e biológicos a cada 25 centímetros. Em seus reservatórios, a Sabesp precisa utilizar três sondas e, mesmo assim, não obtém a mesma variedade de informações.

Um exemplo prático do aparelho: se uma carga de ácido sulfúrico cair em um manancial monitorado pelo Smater, os sensores vão registrar a mudança química e o operador poderá imediatamente suspender o bombeamento de água.

O projeto prevê também cenários que podem ocorrer a longo prazo. Na represa de Lajeado, no Rio Tocantins, por exemplo, o sistema avalia o que acontecerá com a represa se a população do Estado de Tocantins chegar a 10 milhões e o esgoto não for tratado adequadamente, explica o presidente do IIE, José Galizia Tundisi. Protótipos do Smater estão em fase de instalação em Palmas (TO) e em São Carlos, São Paulo. O próximo será em Barra Bonita, no Rio Tietê.

Monitorar águas represadas

As águas represadas artificialmente, tanto nas hidrelétricas como nos reservatórios para abastecimento público, atingem hoje cerca de 7.500 quilômetros cúbicos no mundo, dos quais mil se concentram em território brasileiro. "Tamanho volume necessita de acompanhamento constante e estudos de impactos econômicos produzidos pela deterioração da qualidade da água que considere os custos de tratamento e recuperação dos ecossistemas", ressalta o presidente do IIE.

O projeto, que tem a participação da USP - Universidade de São Paulo e da Unicamp - Universidade de Campinas, despertou o interesse de entidades internacionais. No final do ano passado, o IIE assinou convênio com a Comunidade Européia, no valor de 49 mil euros (cerca de R$ 180 mil), destinado a gerenciar as bacias do Alto Tietê.

Outro contrato, com a Hidroconsult, resultou em participação estratégica em projeto desenvolvido para a Sabesp - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, com sugestões para proteger os mananciais e gerenciar a água da rede de abastecimento. O IIE também presta consultoria para a Sabesp em um projeto de transposição de águas da represa Billings para a Guarapiranga.
(Fonte: www.revistapesquisa.fapesp.br e www.iie.com.br)