PLANTA QUASE EXTINTA DÁ FRUTOS DE ESPERANÇA

O nascimento da primeira fruta de uma planta em sério risco de extinção foi comemorada como um desenvolvimento histórico que pode abrir caminho para a sobrevivência de outras espécies de planta ameaçadas.
"Esse é um enorme avanço, significativo de várias maneiras", disse Margaret Ramsay, chefe da unidade de micropropagação do Royal Botanic Gardens, em Kew – o principal órgão de conservação vegetal do Reino Unido – falando sobre a planta Ramosmania rodriguezii. A Ramosmania rodriguezii é um pequeno arbusto com flores brancas perfumadas e que dá uma fruta semelhante a um figo pequeno. Seu crescimento pode ser acompanhado na Palm House, em Kew, sudoeste de Londres. "A produção de sementes tem o poder de criar a diversidade genética, essencial para a sobrevivência de uma espécie, e pode melhorar a força e o vigor desse arbusto de crescimento lento e ínfimo", adicionou Ramsey. Dr. John Mauremootoo, gerente de vida vegetal da Mauritian Wildlife Foundation, adicionou: "Estamos muito entusiasmados com os desenvolvimentos em Kew para a Ramosmania rodriguezii". Como uma das 42 espécies sobreviventes restritas à ilha, é de imensa importância ajudar a conservar nossa diversidade vegetal única". Essa planta, da família do café (Rubiaceae), foi recentemente considerada extinta após ser descoberta na ilha Rodrigues, parte das Ilhas Maurício, arquipélago tropical no oceano Índico, em 1877. Um estudante encontrou uma planta crescendo solitária em um acostamento, em 1980, enquanto procurava por plantas raras na ilha. Repleta de ervas daninhas, meio comida pelo gado e acometida por doenças, essa espécie selvagem única estava lutando pela sobrevivência. Mas havia pouca esperança da sobrevivência futura da espécie, pois ela não era capaz de produzir sementes – ou melhor, assim se acreditava.
Em 1986, em uma colaboração entre o Mauritian Forestry Service, a International Union for the Conservation of Nature (IUCN) e o Royal Botanic Gardens de Kew, foram cortados alguns pequenos pedaços e
levados até Kew em 24 horas. Os horticultores de Kew tiveram sucesso na propagação da planta e, em
2001, 11 plantas foram repatriadas para a ilha. Ao mesmo tempo, Richard Payendee e a equipe da Mauritian Wildlife em Rodrigues propagaram quatro plantas.
Isso ainda não resolveu o problema de conservação a longo prazo da espécie, pois todas as plantas eram clones da original, incapazes de produzir. As pesquisas iniciais em Kew indicaram que o estigma não consegue crescer pelo estilo (ovário), impossibilitando a produção de sementes. Dr. V. Sarasan, da Unidade de Micropropagação, descobriu que o pólen e os óvulos eram viáveis em cultura e começou a testar maneiras de remover as barreiras da estrutura da planta para permitir uma penetração melhor pelo estigma.
Um dos alunos do primeiro ano de Kew, Carlos Magdelena, conduziu diversos ensaios de polinização e, para a surpresa dele, recentemente pode conferir o desenvolvimento de duas frutas. Elas continham sementes viáveis, algumas germinadas com êxito in vitro, e outras armazenadas no Banco de Sementes Millennium em Wakehurst Place, outra filial de Kew.
Ao comentar sobre o como anda o experimento, a relações-públicas de Kew, Hannah Rogers, disse: "Ainda não conseguimos produzir nenhuma outra fruta, mas continuaremos a tentar na primavera. Essa fruta
estava muito subdesenvolvida, assim como as sementes, de modo que as mudas resultantes estão crescendo com muita lentidão. Tudo que podemos fazer é esperar para ver o que acontecerá com elas. Também estamos trabalhando em várias outras espécies de plantas com parceiros internacionais". Kew há várias décadas se envolve em vários aspectos de conservação vegetal – fornecendo dados sobre ameaças, dando conselhos sobre legislação, proporcionando um acolhimento remoto para espécies ameaçadas, executando micropropagação e re-introdução de espécies, restauração de hábitos e criação de capacidade. Em decorrência da experiência de coleta e dos recursos de informação, Kew possui uma capacidade incomparável de causar impacto sobre a conservação global. Desde a introdução da Convenção Internacional Sobre Diversidade Biológica, em 1992, Kew tem trabalhado com a Botanic Gardens Conservation International e outras organizações para criar uma estratégia que estimule as atividades de conservação de plantas.
Kofi Akumanyi - London Press Service