PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA — TEIA DO SABER 

DIRETORIA DE ENSINO – REGIÃO CENTRO

MÓDULOS I E II

CURSO “METODOLOGIAS DE ENSINO DE DISCIPLINAS DA ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA, MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS DO ENSINO MÉDIO: FÍSICA, QUÍMICA E BIOLOGIA”

 

 

Leitura e opinião

NEM TÃO EINSTEIN ASSIM...

(adaptação da edição da revista SuperInteressante, Setembro de 2005)

 

Um passeio pela história das descobertas científicas mostra que os avanços são resultado de criações coletivas. E que as mentes mais brilhantes nem sempre são as que aparecem na foto.

Na galeria de histórias mal contadas, será que alguém escapa? Talvez o físico Albert Einstein. Einstein parece ter tido um talento natural fora do comum para a ciência, e seus trabalhos teriam, de fato, revolucionado a física. Mas essa é só parte da história. “À medida que toma forma, a nova imagem de Einstein é a de um gigante, mas com consciência total da ciência que o cercava na época e que reconhecia com má vontade — se chegava a fazê-lo — seus predecessores”, escreve Tony Rothman, físico americano que escreveu o livro Tudo é relativo.

Tomemos os artigos de 1905, o mítico Annus Mirabilis, o ano miraculoso de Einstein, quando ele publicou cinco estudos revolucionários que envolviam o que seria a teoria da relatividade. As implicações dos trabalhos são de tirar o fôlego: Einstein acabou com a idéia de que o tempo e o espaço são referenciais fixos e decretou que a velocidade da luz (300 mil km/s) é o único referencial absoluto. De quebra, como conseqüência desses princípios, derivou a fórmula E = mc2 (em sua obra original a letra E era substituída por L, embora também significasse energia).

Acontece que, poucos anos antes, o grupo de cientistas do qual Einstein fazia parte havia lido e discutido com o maior entusiasmo o livro Ciência e Hipótese, do matemático francês Henri Poincaré, um dos maiores pesquisadores da época. Nele, Poincaré declara claramente que espaço e tempo não podem ser absolutos e enuncia até um “princípio da relatividade”. Numa palestra de 1904, o francês vislumbrou uma teoria na qual “a velocidade da luz torna-se um limite intransponível”. Estava perto de formular o E = mc2. Isso não significa que Einstein fosse plagiador: ele foi o único a transformar essas idéias numa teoria elegante e consciente. Mas poderia, ao menos, ter citado Poincaré — coisa que jamais fez até sua morte, 50 anos depois.

Em defesa de Einstein, é bom lembrar que, mesmo quando o antecessor é da família, muitos cientistas têm dificuldade em reconhecê-lo. É o caso de Charles Darwin, autor da obra Origem das Espécies publicada em 1859. Seu avô, Erasmus Darwin, já havia feito observações que apontavam na mesma direção, propondo que todos os animais descendiam de um ancestral comum. Acontece que vovô Erasmus também tinha fama (merecida) de mulherengo e ateu, o que pegava muito mal na Inglaterra vitoriana de Charles. Resultado: Darwin só citou o parente na segunda edição de sua obra famosa, numa nota de rodapé e em tom crítico.

A seguir, algumas “notícias científicas” que valem a pena ser comentadas!

 

Sobre a Teoria da Relatividade...

O que você aprendeu na escola:

O que não contaram:

O físico alemão Albert Einstein bolou a teoria praticamente sozinho, numa série impressionante de artigos revolucionários publicados entre 1905 e 1915.

Pesquisadores como Poincaré já previam boa parte dos conceitos da teoria, embora sem o mesmo rigor matemático.

 


Sobre o Telégrafo...

O que você aprendeu na escola:

O que não contaram:

Samuel Morse transmitiu uma mensagem pela primeira vez a uma distância de 70 quilômetros, mostrando a viabilidade do aparelho.

Morse era pintor e pouco manjava de física. Mas era amigo do maior cientista da época nos EUA, Joseph Henry, que lhe deu uma “mãozinha”. Morse nunca deu o devido crédito aos conselhos de Henry.

 

Sobre o Telefone...

O que você aprendeu na escola:

O que não contaram:

Graham Bell desenvolveu o sistema que transmitia a fala humana.

Ele concorria com uma idéia de Elisha Gray, cujo sistema também conduzia voz. Tudo indica que um funcionário do escritório de Gray foi subornado para deixar vazar o conteúdo da invenção de Gray para Bell, que modificou seu texto para vencer o rival.

 

Sobre a Penicilina...

O que você aprendeu na escola:

O que não contaram:

O britânico Alexander Fleming viu que um fungo podia destruir bactérias em cultura, criando o primeiro antibiótico da história.

Dois médicos, Howard Florey e Ernst Chain, foram os verdadeiros responsáveis pela descoberta. Mas Fleming tinha melhor relação com jornalistas e entrou para a história como autor da pesquisa.

 

Sobre a Radioatividade...

O que você aprendeu na escola:

O que não contaram:

Henri Becquerel, pesquisador francês, descobriu em 1896 que cristais de urânio conseguiam “imprimir” imagens numa chapa fotográfica, com uma espécie de luz invisível (a radioatividade).

O também francês Abel Niepce de Saint-Victor fez experiências muito parecidas em 1857.  Bequerel demorou anos para citá-lo em seus trabalhos.

 

Sobre o Planeta Netuno...

O que você aprendeu na escola:

O que não contaram:

Cálculos feitos simultaneamente pelo britânico John Couch Adams e pelo francês Urbain Le Verrier, aliados a observações feitas pelo alemão Johann Galle, chegaram ao novo planeta ao novo planeta em 23 de setembro de 1846.

Os cálculos feitos por Adams e Le Verrier estavam essencialmente errados. Mas variações na órbita do astro permitiram que, mesmo assim, ele pudesse ser achado.

 

Sobre o Rádio...

O que você aprendeu na escola:

O que não contaram:

Guglielmo Marconi inaugurou esse revolucionário meio de comuniação ao fazer uma transmissão entre a Inglaterra e o Canadá em 1901. 

Desde o fim do século 19 já haviam demonstrado a viabilidade das transmissões. Marconi só foi o mais rápido e esperto na hora de conseguir patentes de seus aparelhos.