RECICLAGEM

Bolsa de Resíduos movimenta R$ 2 milhões.

Serviço foi criado pela FIESP há cinco meses e permite a compra e venda de subprodutos do processo industrial.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) divulgou ontem o balanço de cinco meses de funcionamento da Bolsa de Resíduos – serviço que permite a compra e venda de subprodutos do processo industrial para serem reutilizados como "matéria-prima de segunda mão".

De acordo com Ângelo Albiero Filho, diretor do Departamento de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da FIESP (DMA), desde o lançamento, a Bolsa de Resíduos movimentou aproximadamente R$ 2 milhões. "Cerca de 10 % da intenção de negócios foram concretizados", comenta. Segundo ele, a espectativa era de fechar o primeiro ano da Bolsa com 20 % dos negócios realizados, "mas esse número será bem maior".

"Muitas empresas apenas acessam o site para conhecer o serviço; a confiança do usuário é um processo mais demorado", afirma Albiero para explicar o volume de negócios não concretizados. Além dos negócios, o número de acessos pela Internet também superou as espectativas da entidade em 70 %, "com mais de 25 mil visitas".

Segundo Albiero, o total de empresas cadastradas até agora na Bolsa chegou a 328 em todo o País, 76 % delas concentradas no Estado de São Paulo. De acordo com a pesquisa – inédita entre Bolsas de Resíduos do País – realizada pela FIESP, entre os produtos ofertados no site, destacam-se lâmpadas, couro, solventes, bombonas plásticas, óleos, tintas e papelão, entre outros.

Estratégias para crescer A pesquisa revelou ainda que a adesão dos pequenos e médios empresários movimentou 78 % dos negócios. "As pequenas empresas são as maiores beneficiadas pela Bolsa, pois ao contrário das grandes indústrias, não possuem condições de manter programas permanentes de gerenciamento de resíduos", diz Albiero.

Para atingir um número ainda maior de pequenos e médios empreendimentos, a FIESP deve lançar a versão impressa dos classificados on-line. "Criaremos também Bolsas Regionais nas 41 CIESP espalhadas pelo Estado de São Paulo". Segundo Albiero a descentralização da Bolsa de Resíduos deve facilitar as negociações entre empresas que queiram driblar os problemas de logística e transporte.

A BIOLAND – pequena empresa de compostagem orgânica, com faturamento de R$ 1,2 milhão por ano – processa cerca de 50 toneladas diárias de lodo orgânico. "Por meio da Bolsa de Resíduos conseguimos mais dois grandes clientes, que representam 7 % de aumento de matéria-prima residual", diz Moacir Beltrame, Diretor Comercial da Empresa.

De acordo com Albiero, com a Bolsa, o empresário pode ganhar até R$ 300 por tonelada de papel branco vendido, R$ 300 no caso de PET e até R$ 2,2 mil na tonelada de alumínio – preços praticados no mercado de recicláveis da Grande São Paulo. "Além disso, diminuem as despesas com disposição adequada de resíduos", acrescenta. Hoje o gasto com a disposição de resíduos gira em torno R$ 54 a R$ 130 por tonelada, sem contar o custo do transporte para resíduos de Classes 2 e 3 (não perigosos).

Classificados on-line O serviço funciona como uma espécie de classificados na Internet (www.fiesp.org.br/bolsa), por meio da qual os empresários colocam suas ofertas e demandas. Para isso, basta preencher um cadastro com informações da empresa e do produto, tais como quantidade, preço e condições comerciais, entre outras. "O negócio entre as empresas não tem a interferência da FIESP e nem cobrança de qualquer taxa", explica Albiero.

De acordo com o Diretor, o objetivo da Bolsa é estimular a reutilização de materiais e criar uma nova fonte de receita para os industriais. "Queremos não só conscientizar os empresários para evitar o desperdício de matéria-prima como também criar uma nova oportunidade de negócio".

Para Albiero, a ampliação do volume de negócios é só uma questão de tempo, pois o processo é uma cadeia onde todos lucram. "O vendedor ganha dinheiro com o próprio lixo; o comprador consegue matéria-prima a preços baixos; e a sociedade também é beneficiada, pois resíduos que iriam para os aterros agora são reaproveitados", conclui.

Cláudia Marques, de São Paulo