SEQUESTRO DE CARBONO

- Seqüestro de Carbono é um processo de remoção de gás carbônico. Tal processo ocorre principalmente em oceanos, florestas e outros organismos que, por meio de fotossíntese, capturam o carbono e lançam oxigênio na atmosfera. É a captura e estocagem segura de gás carbônico (CO2), evitando-se assim sua emissão e permanência na atmosfera terrestre.
- As atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis e a utilização de calcário para a produção de cimento, bem como os diferentes usos da terra, associados ao desmatamento e queimada são as principais causas do rápido aumento dos níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global. No entanto, os maiores estoques de carbono não são encontrados na atmosfera, mas sim, no ecossistema marinho ou ecossistema terrestre (vegetação + solo).
- O conceito de seqüestro de carbono foi consagrado pela Conferência de Quioto, em 1997, com a finalidade de conter e reverter o acúmulo de CO2 na atmosfera, visando à diminuição do efeito estufa.
- Para mitigar o aquecimento global, uma variedade de meios artificiais de captura e de seqüestro do carbono, assim como processos naturais estão sendo estudados e explorados.


ESTOQUE E SEQUESTRO DE CARBONO NATURAL

ECOSSISTEMA OCEÂNICO
- O oceano é o maior reservatório de carbono da Terra, contendo cerca de cinqüenta vezes mais carbono que a atmosfera. O carbono no oceano é naturalmente seqüestrado a partir de 2 processos:


PROCESSO FÍSICO
- Está ligado a circulação termoalina (formações de água profunda no oceano). O CO2da atmosfera dissolve-se mais facilmente em água fria do que em água quente. As águas superficiais transportadas dos trópicos para as altas latitudes (regiões polares), ao perderem calor aumentam sua densidade e iniciam um movimento descendente. Essas águas são ricas em CO2, este foi armazenado no oceano profundo por cerca de 1.000 anos e só retornando para a atmosfera quando a circulação oceânica provoca o afloramento de águas profundas à superfície do oceano.

PROCESSO BIOLÓGICO
- Também conhecido como “Bomba Biológica”. O fitoplâncton retira CO2 da água do oceano para realizar o processo da fotossíntese.
- O plâncton e outros organismos marinhos extraem o CO2 da água do oceano e convertem-no ao carbonato de cálcio (CaCO3), para construir seus esqueletos e escudos.

ECOSSISTEMA TERRESTRE
- O CO2 armazenado no ecossistema terrestre pode ser fixado tanto no solo quanto na floresta. O CO2 armazenado é o balanço entre a absorção da planta, a fixação de carbono no solo e as perdas por respiração e decomposição.
- Os ecossistemas terrestres que compreendem a floresta e o solo são considerados atualmente como um grande sumidouro (do inglês “sink”) de carbono, especialmente os solos. Há evidências de que o solo possa resultar em significativa redução no aumento dos gases do efeito estufa.

FLORESTAS
- As enormes quantidades de carbono são armazenadas naturalmente na floresta por árvores e por outras plantas, assim como no solo da floresta. Como parte da fotossíntese, as plantas absorvem o dióxido de carbono da atmosfera, armazenam o carbono como açúcar, amido (carboidrato) e celulose. O carbono é armazenado e liberado continuamente dependendo da planta e da fase de sua vida naquele tempo. As florestas são “lojas do dióxido de carbono”, mas o efeito de absorção do CO2 existe somente quando elas crescem no tamanho: é limitado assim naturalmente. Ao contrário, uma queimada em uma floresta liberará rapidamente o carbono absorvido para a atmosfera.

 SOLO
- O solo possui o maior estoque de carbono do ecossistema terrestre; ele estoca duas vezes mais carbono que a vegetação e cerca de três vezes o valor da atmosfera [4] [5], abaixo do solo o armazenamento orgânico é duas vezes maior que acima do solo.
- No solo, o acúmulo gradual e lento da deterioração do material orgânico continuará a acumular o carbono, agindo desse modo como seqüestrador. Os resíduos de plantas (ex. folhas, galhos, frutos) que caem sobre o solo são gradualmente alterados por meio da fragmentação física, interações entre a fauna do solo e microorganismos e formação de húmus.


SEQUESTRO DE CARBONO ARTIFICIAL

ECOSSISTEMA OCEÂNICO
- O seqüestro de carbono artificial no oceano é simplesmente acelerar o processo natural de captura de CO2 da atmosfera, reduzindo o efeito estufa. Atualmente não se pode estimar o quanto de carbono pode ser seqüestrado sem perturbar a estrutura e função do ecossistema marinho, mas pesquisas estão sendo realizadas com bastante cuidado para avaliar os potenciais riscos e os benefícios do seqüestro de carbono, bem como os custos associados.
- O seqüestro artificial pode ser obtido a partir de dois métodos:

INJEÇÃO DIRETA
- Consiste na injeção direta do CO2 no fundo do oceano, abaixo da termoclina, se a injeção for a grandes profundidades o CO2 afundará e talvez formará um “lago”. O CO2 se dissolverá rapidamente na água do mar, reduzindo o pH no local da injeção, deixando a água mais ácida. Com o aumento da acidez reduz a quantidade de carbonato de cálcio na água, afeta o crescimento e as taxas de reprodução de alguns organismos marinhos como peixes e plâncton e para os animais que vivem em grandes profundidades, sua capacidade de eliminar gás carbônico seria reduzido, levando a morte desses organismos por asfixia.

FERTILIZAÇÃO DO OCEANO
- Se dá através da adição de ferro (micronutriente), em regiões onde a produtividade biológica é limitada pelo ferro, provocando um aumento no crescimento do fitoplâncton, acelerando a atividade fotossintética. A fertilização do oceano poderia provocar efeitos adversos no ecossistema marinho como, por exemplo, as grandes taxas de decomposição de fitoplâncton reduziria os níveis de oxigênio na água, que associada à atividade microbiana podem produzir potentes gases do efeito estufa como o metano e o óxido nitroso.

ECOSSISTEMA FLORESTAL  
- As “florestas novas”, particularmente o reflorestamento, não podem ser seqüestradoras diretas do carbono. Embora a floresta natural seja um estoque líquido de CO2, o reflorestamento pode inicialmente ser uma fonte da emissão de CO2 quando o carbono do solo é liberado na atmosfera. Plantar florestas, ou melhor, espécies florestais, fornecem um número de benefícios adicionais incluindo a redução da erosão, da captação aumentada da água, e de benefícios econômicos colhidos de sustentabilidade.
- O reflorestamento e o enriquecimento de florestas naturais não é bastante para contrabalançar o nível atual das emissões de gases do efeito estufa, assim como se acredita que o seqüestro de carbono por plantações de árvores nunca garantirá um seqüestro em longo prazo. Mesmo as estimativas otimistas vêm à conclusão que plantar florestas não é bastante para contrabalancear o nível atual das emissões de gases do efeito estufa.