FLOR

Fonte: http://professores.unisanta.br/maramagenta/flor.asp

 

A flor é o órgão reprodutor das Angiospermas. Origem: a partir de células meristemáticas situadas abaixo das camadas externas do ápice da gema.

 

Constituição

O padrão básico de uma flor constitui-se de um eixo caulinar de crescimento limitado, o receptáculo, que porta verticilos divididos em: cálice (sépalas), corola (pétalas), androceu (estames) e gineceu (carpelos). A flor é sustentada por um pedicelo (eixo caulinar que nasce na axila de uma ou mais brácteas). 

 

Se o cálice for diferente da corola, o conjunto dessas estruturas é chamado perianto (ex.: maioria das dicotiledôneas, onde o cálice é verde e a corola de cores variadas). Se o cálice for semelhante à corola, esse conjunto recebe o nome de perigônio. Exs.: Zephirantes atamosco e Hemerocalis flava (lírio amarelo).

 

O cálice pode ter as sépalas unidas, sendo chamado gamossépalo, ou livres, denominado então dialissépalo. O mesmo ocorre com a corola, podendo ser gamopétala ou dialipétala. A corola pode estar ausente e a flor, nesse caso, é chamada monoclamídea; se cálice e corola estiverem ausentes, a flor é aclamídea e se os dois existirem, diclamídea.

 

As flores diclamídeas podem ser diclamídeas heteroclamídeas, quando possuem perianto, ou diclamídeas homoclamídas, quando possuem perigônio.

 

Androceu: o androceu é formado pelo conjunto dos estames que têm sua origem filogenética nas folhas. Cada estame é formado por um filete, o qual está ligado a uma antera, através do conectivo; as anteras são divididas em tecas, geralmente em número de duas (estames bitecos). No interior das anteras se encontra o saco polínico, contendo células diplóides (2n) que, ao sofrerem divisões reducionais, originam o grão de pólen. Os estames podem ser livres, se estiverem presos apenas ao receptáculo e epipétalos, se estiverem presos às pétalas. As flores podem ser isostêmones, quando o número de estames é igual ao de pétalas; oligostêmones, quando o número de estames é inferior ao número de pétalas e polistêmone, quando o número de estames é maior que o número de pétalas.

 

Gineceu: É o conjunto dos carpelos e óvulos; os carpelos dividem-se em ovário, estilete e estigma; o ovário porta os óvulos, que podem estar alojados em lóculos, formados a partir de dobramentos das margens dos carpelos. O número de óvulos pode variar de um a muitos; enquanto algumas famílias como Poaceae (ex.: milho - Zea mays) possuem um único óvulo, outras possuem até 50! O gineceu pode ser formado por um ou mais carpelos, que podem estar unidos, caracterizando um gineceu sincárpico, ou livres, constituindo um gineceu apocárpico.

 

·        Para se determinar a sincarpia ou apocarpia de um gineceu, deve-se examinar o ovário, pois os estigmas podem estar unidos. 

 

·        Quanto ao número de carpelos, a informação deve ser obtida com base no ovário, pois a ponta do estilete pode estar dividida.

 

Quando os carpelos se unem, formando um gineceu bi a multilocular e os óvulos se arranjam na porção central, temos uma placentação axial; se os óvulos ficam presos à parede do ovário ou suas expansões, temos uma placentação parietal, mas se o gineceu é apocárpico, este tipo de placentação passa a chamar-se laminar. Além desses tipos, existem a placentação central livre, exclusiva de ovários uniloculares, onde a placenta ocorre em uma coluna de tecido central; placentação basal, quando o óvulo é fixo na base do ovário; placentação apical, quando o óvulo é fixo no ápice do ovário e placentação marginal, quando a placenta se localiza ao longo da margem do carpelo de um ovário unilocular. 

 

Envolvendo o ovário pode existir uma estrutura denominada hipanto, que pode ter duas origens: 

 

·        A partir do receptáculo, denominado hipanto receptacular.

 

·        A partir da fusão de sépalas, pétalas e estames, denominado hipanto apendicular

 

Só é possível discernir a origem do hipanto efetuando-se cortes anatômicos; o hipanto apendicular apresentará cortes com nervuras (características foliares) e o receptacular apresentará uma estrutura tipicamente caulinar. 

 

O ovário pode ser súpero (quando é livre, acima do receptáculo) ou ínfero (quando está preso ao hipanto). Se o ovário for súpero, a flor pode ser:

a) hipógina (na qual o ovário está posicionado acima do ponto de inserção de sépalas e pétalas), ou 

b) perígina (na qual o ponto de inserção de sépalas e pétalas coincide com a região mediana do ovário, que não está preso ao hipanto). 

 

Se o ovário for ínfero, diz-se que a flor é epígina e, como já foi dito, o ovário é preso ao hipanto. 

 

As flores podem ser monóclinas (bissexuadas ou hermafroditas), quando possuem androceu e gineceu, ou díclinas  (unissexuadas), quando possuem apenas uma dessas estruturas. A maioria das flores é monóclina (cerca de 70%). 

 

As plantas com flores díclinas podem ser monóicas (quando possui flores estaminadas e flores pistiladas) ou dióicas (quando possui flores estaminadas ou flores pistiladas).

 

As flores podem ser representadas por fórmulas florais ou por diagramas florais. As fórmulas florais indicam o número de peças de cada verticilo floral. Exemplo de fórmula floral: K4 C5 A4 G3 onde: K = cálice; C = corola; A = androceu e G = gineceu.

 

O diagrama floral mostra, além do número de verticilos, a disposição dos mesmos na flor, fornecendo a simetria da flor.

 

Quanto à simetria, as flores podem ser:

 

·        Actinomorfa: quando, em vista superior, é possível traçar linhas, obtendo-se vários planos de simetria.

 

·        Zigomorfa: quando, em vista superior, é possível obter-se apenas dois planos de simetria.

 

Obs.: Existem flores assimétricas, ou seja, flores que não permitem a execução de planos de simetria; no entanto, esta condição é rara.

 

Inflorescências: São ramos modificados portando flores. Os diversos tipos são classificados ontogenéticamente em duas grandes categorias:

 

1. Inflorescências cimosas ou determinadas: Onde cada eixo termina numa flor. A flor terminal se desenvolve antes das laterais; o crescimento desse tipo de inflorescência se dá através de gemas laterais, caracterizando um crescimento simpodial. TIPOS:

·        Dicásio: O ápice da gema principal se transforma numa flor, cessando logo o desenvolvimento desse meristema: as duas gemas nas axilas das duas brácteas subjacentes prosseguem o crescimento da inflorescência e se transformam cada uma em uma flor, novamente pode o mesmo processo simpodial prosseguir a ramificação da inflorescência.

 

·        Monocásio: após a formação da flor terminal do eixo, apenas uma gema lateral se desenvolve em flor, e assim por diante. Esse desenvolvimento pode se dar em lados alternados (monocásio helicoidal) ou sempre de um mesmo lado (monocásio escorpióide)

 

2. Inflorescências racemosas ou indeterminadas: Onde o ápice meristemático da inflorescência jovem não forma uma flor, mas continua crescendo e produzindo flores lateralmente, caracterizando um crescimento monopodial. TIPOS:

 

·        Racemo ou cacho: eixo simples alongado, portando flores laterais pediceladas, subtendidas por brácteas.

·        Espiga: eixo simples alongado, portando flores laterais sésseis (sem pedicelo) na axila de brácteas.

 

·        Umbela: eixo muito curto, com várias flores pediceladas, inseridas praticamente no mesmo nível.

·        Corimbo: tipo especial de racemo, onde as flores têm pedicelos muito desiguais e ficam todas num mesmo plano.

 

·        Capítulo: eixo muito curto, espessado e/ou achatado, com flores sésseis densamente dispostas. Geralmente existe um invólucro de brácteas estéreis protegendo a periferia do capítulo.

·        Panícula: cacho composto (racemo ramificado: eixo racemoso principal sustentando 2 a muitos eixos racemosos laterais). Os tipos acima podem aparecer combinados entre si, sendo comuns os corimbos de capítulos, racemos de capítulos, etc.

 

3. Tipos especiais de inflorescência

·        Espádice: tipo especial de espiga com eixo muito espessado, com uma grande e vistosa bráctea protegendo a base. Típica de Araceae (família dos antúrios) e Arecaceae (família das palmeiras).

·        Espigueta: unidade básica das inflorescências de gramíneas, constituindo uma espiga muito reduzida, envolvida por várias brácteas, densamente dispostas.

·        Sicônio: típico de Ficus spp (Moraceae), é uma inflorescência carnosa e côncava, com numerosas pequenas flores encerradas na concavidade.

·        Pseudantos: nome genérico aplicado à inflorescências condensadas em que muitas flores ficam dispostas de forma a formar uma única flor. Exs: capítulos, da família Asteraceae, e ciátios, da família Euphorbiaceae. As flores representam um importante meio para se estudar taxonomia, a origem e a história das plantas. Em seus caracteres se baseiam os mais utilizados sistemas de classificação, como o de Cronquist (1981) e o de Dahlgren (1981). Além disso, sementes, frutos e pólen fossilizados são ótimos indicadores de local e data de origem dos vegetais. O pólen, por ser revestido pela exina, constituída de esporopolemina, uma substância muito resistente a ácidos, se mantém inalterado durante milênios. Quando ao estudo filogenético, ou seja, o estudo das relações de ancestralidade e descendência, os caracteres são polarizados como plesiomorfos (primitivos) ou apomorfos (avançados). Acredita-se, por exemplo, que as inflorescências sejam adaptações evolutivas (apomorfia), pois incrementam a atração de polinizadores, aumentam a efetividade da polinização, por apresentarem muitas flores reunidas e, em plantas polinizadas pelo vento, contribuem para a produção de uma maior quantidade de pólen.