WASHINGTON. O papel da Amazônia na absorção do principal gás relacionado ao efeito estufa é menor do que o estimado. O alerta está em dois estudos publicados esta semana na revista britânica "Nature". No primeiro estudo, pesquisadores do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, em São Paulo, e da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, verificaram que a quantidade de dióxido de carbono emitida por rios e áreas alagadas da Amazônia é três vezes maior do que a estimada.

Na prática, a pesquisa mostra que a floresta não é a esponja de CO2 que se pensava. Os cientistas disseram que as 900 milhões de toneladas métricas de CO2 liberadas pelas florestas alagadas amazônicas e seus rios são equivalentes a cerca de um quinto do CO2 gerado a cada ano por atividades humanas, como queima de combustíveis fósseis (veículos e indústrias) e desmatamento. Segundo os cientistas, a floresta não absorve tanto gás quanto os atuais modelos climáticos consideram.

O novo cálculo foi baseado em dados de radar obtidos pela Nasa e medições nos rios amazônicos financiadas pelo governo brasileiro. O líder do estudo, Jeffrey Richey, da Universidade de Washington, disse que parte do CO2 é liberada pela degradação, por micróbios, da imensa quantidade de material orgânico existente na água.

A segunda pesquisa foi realizada na Universidade de Edimburgo, na Escócia, e obteve resultados semelhantes.

http://oglobo.globo.com/Ciencia/18514309.htm