Paradoxo do escurecimento global desafia cientistas
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Em grandes altitudes,
nuvens de fumaça têm efeito prolongando na atmosfera. Um novo componente no
combalido cenário atmosférico mundial pode provocar uma verdadeira revolução
nos estudos sobre o aquecimento global. Trata-se do recém descoberto
"escurecimento global", um fenômeno natural que mantém o planeta
resfriado e se contrapõe ao aquecimento na base da troposfera, denominado "efeito
estufa". Apenas três países estudam mais a fundo os efeitos desta nova
componente no futuro climatológico do planeta. Entre eles se encontra o Brasil,
associado aos Estados Unidos e a Inglaterra.
Os modelos climáticos
usados até agora não levaram em conta todos os processos físicos que envolvem
essa componente atmosférica, o que tornaria todas as projeções sobre as
mudanças globais passíveis de largas margens de erros. Isto seria um verdadeiro
desastre, principalmente quanto aos prazos estabelecidos para as ações
mitigadoras e a contenção nas emissões dos gases de estufa, principalmente o
dióxido de carbono (C02).
O "escurecimento
global", descoberto há mais de três décadas, foi praticamente ignorado
pela comunidade científica até dois anos atrás, pois se tratava de um paradoxo.
A hipótese de haver um fenômeno de resfriamento global também derivado das
emissões poluentes se chocava frontalmente com os resultados de todas as
pesquisas, que apontavam para o aquecimento global na baixa troposfera. Mais
uma vez o meio científico se depara com a polêmica – e classificada como
"telúrica" –, Hipótese de Gaia, do cientista britânico e membro do
Painel Intergovernamental de Mudanças Globais (IPCC, na sigla em inglês), James
Lovelook. Nela, ele define a Terra
No centro da questão
técnica se encontram os aerossóis, diminutas partículas em suspensão na
atmosfera, a maioria de origem natural ou por ação antrópica. Entre uma gama
enorme de material particulado, oriundo de várias origens, se encontram desde o
sal marinho, cinzas vulcânicas, queimadas florestais e a poeira mineral vinda
das areias de desertos e solos descobertos. Em níveis mais altos da atmosfera,
aerossóis de origem mineral refletem parte da radiação proveniente do sol. Este
efeito tende a resfriar as camadas mais baixas da atmosfera, onde se localizam
a maioria dos gases do efeito estufa, reduzindo a temperatura próxima à superfície.
Por outro lado, os
aerossóis provenientes de queimadas de vegetação e de combustíveis fósseis
liberam o chamado "carbono elementar", conhecido como "black
carbon", que contribui para o aquecimento global.
O último relatório do
IPCC indicou que o efeito total dos aerossóis contribui para o resfriamento do
planeta, o que foi um choque para a maioria da comunidade científica, pois até
o momento essas micropartículas eram as grandes vilãs do efeito estufa. O próprio documento de Paris alertou que a compreensão
sobre esta nova componente no intrincado cenário do aquecimento global situa-se
entre média e baixa. "O IPCC foi até agora muito
Isso, porém, está sendo
alterado pelo trabalho de Saulo Freitas, pesquisador brasileiro integrante do
quadro de cientistas do Cptec. Ele explica que muitos modelos climatológicos
ainda ignoram a interferência das nuvens de fumaça ou subestimam a altitude que
as plumas possam atingir, limitando-se geralmente a quatro quilômetros. Isto
seria um grave erro para se obter o quadro mais preciso do comportamento
atmosférico.
Os estudos de Freitas
mostram que as nuvens de fumaça podem ultrapassar a marca dos oito quilômetros
e, em determinados casos e dependendo da latitude, alcançar a estratosfera, que
fica a 12 quilômetros de altitude. Este fato torna-se relevante para os estudos
climáticos, uma vez que as nuvens de fumaça em grandes altitudes possuem um
tempo de permanência maior do que em regiões mais baixas, prolongando,
conseqüentemente, seus efeitos na atmosfera.
Cox admite que os estudos
sobre o efeito estufa podem ter ignorado os efeitos compensatórios deste
fenômeno inverso, pois o "escurecimento" é responsável pela redução
dos níveis de radiação solar que chegam à Terra e isto teria abrandado o
problema do superaquecimento.
"O escurecimento
global pode ter nos levado a subestimar o verdadeiro potencial do aquecimento
global, o que seria um indicativo que o clima do planeta pode ser muito mais
sensível ao efeito estufa do que se pensava anteriormente", adverte o cientista
britânico para desespero geral.
Os mesmos elementos que
aquecem a superfície da Terra são também responsáveis pelo processo de
resfriamento. Um efeito competitivo, que mostra um desequilíbrio que até o
momento era ignorado. O universo científico se deparou com o terrível paradoxo:
a mesma causa da doença é também a da cura. Ou seja, se o esfriamento for maior
é porque o aquecimento também subiu. As pesquisas no centro britânico mostraram
que os poluentes que esfriam a atmosfera estão diminuindo e os que aquecem
estão em processo inverso. Os esforços para minimizar o efeito estufa na Europa
Oriental deram resultados, houve uma sensível melhora na qualidade do ar, porém
isto diminuiu o escurecimento na região. O ar ficou mais quente e surgiram
diversas ondas de calor. A solução encontrada nos estudos preliminares é uma
redução drástica em todos os tipos de emissões.
"Se continuarmos a lançar os particulados na atmosfera teremos graves
doenças e mudaremos o regime das chuvas, mas não podemos também pensar em
potencializar o escurecimento global, isto seria muito nocivo ao meio
ambiente", adverte Cox.
A notícia para os
cientistas vem exatamente do Brasil, com a inserção dos aerossóis na dinâmica
climática global desenvolvida pelos pesquisadores do Inpe. Gilvam Sampaio
comentou que o papel dúbio destas partículas ainda é uma área muito nova nas
pesquisas, porém isto não deverá afetar drasticamente os modelos climáticos
rodados no Brasil, que consideram os elementos migrantes para a atmosfera a
partir das queimadas.
Júlio Ottoboni
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Novo relatório sobre o
clima pode favorecer o Brasil
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O Painel
Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês) que está
reunido em Bangcoc, na Tailândia, deve divulgar na sexta-feira a terceira parte
do documento sobre o clima no Planeta. O Painel é um grupo de cientistas e foi
constituído por iniciativa das Organizações das Nações Unidas (ONU) para
estudar as mudanças no clima e propor soluções.
Os relatórios elaborados
pelo grupo de cientistas servem de base para a definição de estratégias de
combate ao aquecimento global por parte de governos, empresas e indivíduos. Na
reunião de Bangcoc, o IPCC está revisando seu terceiro relatório, que será
discutido pelos cientistas e diplomatas dos países representados na ONU.
Este ano o IPCC já divulgou dois documentos, o
primeiro atribui (mais claramente do que em qualquer relatório anterior) à ação
humana a maior responsabilidade pelo aquecimento global. Já o segundo, alerta
para o fato de que as populações mais pobres são as que mais sofrerão com as
mudanças perigosas do clima. Neste terceiro, o enfoque são as tecnologias
necessárias para a mitigação do problema. Uma das principais apostas dos
cientistas é na substituição da queima de combustível fóssil por alternativas
mais limpas,
Outra questão a ser
abordada e que pode favorecer o Brasil é a proposta de proteção às florestas
tropicais. Uma idéia apresentada pelo governo brasileiro em um encontro sobre o
clima realizado em novembro do ano passado na África do Sul previa a formação
de um fundo com recursos desembolsados pelos dos países desenvolvidos para a
preservação de florestas,
(Denise Juliani - Gazeta
Mercantil)
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Internautas já
plantaram 10 milhões de árvores
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Do nascimento à morte,
cada brasileiro deveria plantar 300 árvores para compensar a emissão de CO2
durante a vida, considerando os padrões brasileiros de consumo e de expectativa
de vida. O cálculo é da Organização Não-Governamental (ONG) SOS Mata Atlântica,
que no ano 2000 criou uma ferramenta para facilitar o plantio das mudas. Desde
o início do programa, internautas de todo o País já plantaram dez milhões de
árvores, segundo números auditados pela Ernst & Young.
"Não se trata da
compra de um indulto para continuar poluindo. É uma das atividades que uma
empresa socialmente responsável pode promover, que mostra governança,
visão", afirma o diretor da SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani. Ele
afirma que, por meio desse programa, a ONG conseguiu materializar a
contribuição para a preservação do meio ambiente, já que a árvore é um símbolo
de vida. O internauta não paga nada para plantar uma árvore. Basta entrar no
site http://www.clickarvore.com.br/, plantar a árvore e acompanhar o seu
crescimento. Patrocinadores do projeto, o maior deles é o Bradesco
Capitalização, arcam com o custo de R$ 1,00 por muda. As árvores são plantadas
em bacias hidrográficas e em regiões onde possam proteger matas ciliares. Segundo
Mantovani, o interesse de empresas para fechar parcerias com a ONG "tem
crescido de forma exponencial" desde o ano passado, quando relatórios
ambientais e documentários passaram a chamar mais atenção da sociedade para o
problema da poluição e falta de água. "Estamos verificando uma procura
desmedida", diz.
(Tatiana Freitas -
Investnews)
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Gazeta Mercantil inicia
hoje seu programa de neutralização de carbono
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O aquecimento global não
é mais assunto restrito aos especialistas. Quem não é especialista já percebe
que a temperatura média da Terra está subindo, com graves consequências para
todos os seus habitantes. As fortes ondas de calor na Europa vitimando
principalmente crianças e idosos, as imagens impressionantes de ursos polares
morrendo de fome em meio ao gelo que vira água são apenas um exemplo.
Reduzir a emissão de
Gases de Efeito Estufa (GEE), sendo o principal deles o dióxido de carbono
(CO2), é fundamental para a sobrevivência humana na Terra. O assunto é tema do
Protocolo de Kyoto, um tratado internacional, que entrou em vigor em fevereiro
de 2005 e que estabelece metas de redução de emissões para os países
desenvolvidos.
Embora o Brasil não
tenha, por enquanto, metas de redução de suas emissões (que não são pequenas e
são causadas principalmente pelas queimadas), existe um movimento voluntário de
neutralização adotado por várias empresas e pessoas,
A recuperação de áreas
devastadas por meio do plantio de árvores nativas é outra opção. Segundo
cálculos da Max Ambiental, empresa especializada em projetos sustentáveis em
média, a cada cinco árvores plantadas é possível neutralizar a emissão de uma
tonelada de carbono. É que as árvores, ao crescerem, absorvem carbono da
atmosfera, contribuíndo para a redução do efeito estufa. Existe também a opção
de manter florestas existentes nos principais biomas nacionais,
A Gazeta Mercantil inicia
hoje seu programa de neutralização de carbono e pretende, com esta atitude,
estimular seus leitores, colaboradores e anunciantes a fazer o mesmo. Pelo bem
do Planeta.
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Novo modelo eleva custo
para geração de créditos
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A elevação dos custos
para geração de crédito carbono na cadeia de suínos com o novo modelo proposto
pela Organização das Nações Unidas (ONU) levou a Seara a interromper seu
projeto de Mecanismo de desenvolvimento Limpo. Segundo Nuno Cunha, diretor da
Ecosecurities, que investiu na instalação de 11 biodigestores na propriedade
dos integrados da empresa em Dourados, a nova metodologia da ONU tornou
inviável o desenvolvimento desse tipo de projetos para a cadeia de suínos.
"Nós mesmo não vamos investir mais nessa área. A taxa de retorno para
remunerar o investimento dobrou e ficou desinteressante", afirma Cunha.
A Seara pretende retomar os estudos para geração de crédito carbono no segundo
semestre deste ano. Mas, segundo Cunha, o desenvolvimento dos projetos só
compensaria para grandes propriedades, o que não é prática no Brasil, onde a
criação de suínos se concentra entre os pequenos produtores.
A retração dos projetos
de crédito de carbono nesse setor levou a uma grande desvalorização das ações
da AgCert International na bolsa de Londres, que atua na implantação de
projetos de MDL e comercialização de créditos carbono, com foco na cadeia de
suínos.
(Silvia
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ONU frea projetos de carbono na cadeia de suínos
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As mudanças introduzidas
pelo Comitê Executivo da Organização das Nações Unidas em relação ao modelo de
implantação de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) para
geração de crédito carbono podem inviabilizar a integração de pequenos
produtores e interromper os projetos desenvolvidos por empresas como a Sadia e
a Seara junto a seus integrados na cadeia de suínos. O aumento das exigências
em relação aos processos de controle, que requer a instalação de novos
equipamentos, elevou os custos de geração dos créditos e tornou inviável a
implantação dos projetos para os pequenos produtores, afirma Meire Ferreira,
diretora-executiva do Instituto Sadia de Sustentabilidade.
A empresa mantém um
projeto de neutralização dos poluentes com os criadores de suínos, que visa ao
seqüestro do gás metano emitido pelos animais, que chega a ser 21 vezes mais
poluente que o gás carbônico (CO2). A previsão era atender 3.500 integrados, e
gerar 7 milhões de toneladas de CO2 em 10 anos, mas com as mudanças na
aprovação dos projetos, apenas 30% deles poderão ser atendidos, deixando de
fora os pequenos produtores. “Os projetos já protocolados não serão alterados.
Já para os novos, estamos buscando alternativas para reduzir seus custos, caso
contrário, o projeto se torna insustentável do ponto de vista custo/benefício”,
afirma Meire.
Ela afirma que hoje há
capacidade para atender mil propriedades de médio porte, que devem gerar de 3,5
milhões a 4 milhões de toneladas de CO2. A Sadia já vendeu cerca de 2,750
milhões de toneladas de CO2 em certificado de redução de emissões (CERs) para o
European Carbon Fund, sendo 290 mil gerados pela própria empresa e o restante
pelos produtores integrados. A empresa
está negociando com o Executive Board uma proposta para incluir os produtores
de pequena escala. “Levamos uma manifestação junto à ONU para buscar uma
alternativa para incluir os pequenos”, diz.
(Silvia
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Caixa Seguros é a
primeira a receber o selo "Carbon Free"
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O DNA francês do
presidente da Caixa Seguros, Thierry Claudon, fez o grupo ganhar o título de
primeira seguradora do mercado brasileiro a neutralizar, por meio do plantio de
árvores, 100% das emissões de gases efeito estufa da matriz. "Sou francês,
moro no Brasil e o aquecimento global sempre me preocupou. Podemos fazer algo,
Por neutralizar suas
atividades, a seguradora recebeu o selo "Carbon Free" (livre de gás
carbônico) que atesta: ela não contribui com o aquecimento global e ajudou a
recuperar e a conservar a Mata Atlântica.
As árvores plantadas pela
Caixa serão distribuídas em uma área degradada do município de
(Denise Bueno)
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