Biodiversidade brasileira mostra força: é nova a bactéria que produz plástico biodegradável de cana
Um ser microscópico é um dos principais responsáveis pela produção do plástico biodegradável de cana-de-açúcar. Uma nova bactéria foi descoberta por pesquisadores do Agrupamento de Biotecnologia do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas, vinculado à Secretaria da Ciência Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo – associados a parceiros do Instituto de Microbiologia da Universidade de Münster, na Alemanha, e do Laboratório de Microbiologia da Universidade de Ghent, na Bélgica.
A nova bactéria, até então desconhecida nos meios científicos internacionais, foi isolada em solo de plantação de cana no interior paulista. O gênero (Burkholderia) já era conhecido, a espécie, não. Por isso a designação da espécie (sacchari) é uma referência à cana brasileira. Seu nome científico é Burkholderia sacchari.
Amostras da nova bactéria foram depositadas em duas coleções reconhecidas internacionalmente: a da Fundação de Pesquisa e Tecnologia André Tosello, em Campinas, e a do Laboratório de Microbiologia de Ghent. Agora os pesquisadores brasileiros, alemães e belgas aguardam a publicação de um artigo na conceituada revista científica britânica International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, que selará o reconhecimento internacional à descoberta.
Enquanto isso, as pesquisas para melhorar ainda mais a produtividade do microorganismo não param. "Utilizando avanços da biotecnologia, já patenteamos um novo mutante da Burkholderia sacchari, que está se mostrando ainda mais produtivo", revela a pesquisadora Luiziana da Silva, do Agrupamento de Biotecnologia do IPT.
Mercado
Plásticos biodegradáveis têm propriedades semelhantes às dos plásticos tradicionais, com a vantagem de se degradarem em ambientes ricos em microorganismos – como o próprio solo – num período de seis meses a um ano, enquanto os convencionais demoram décadas. Eles podem ter diversas aplicações: embalagens, produtos médicos como fios de sutura, catéteres e próteses, sacos para envolver mudas de plantas, entre outras.
O Brasil começou a exportar, no segundo semestre de 2000, a produção em escala semi-industrial. A primeira unidade de produção de plástico biodegradável de cana no País fica na Usina da Pedra, no município paulista de Serrana. Trata-se do polihidroxibutirato (PHB) desenvolvido a partir de pesquisas feitas em parceria entre o IPT, Copersucar e Instituto de Ciências Biomédicas/USP, com apoio da Finep, a Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Segundo Silvio Ortega, da Copersucar, a planta piloto da Usina da Pedra passou da produção por batelada para a produção contínua. "São 50 toneladas por ano, uma quantidade pequena ainda, porém suficiente para aperfeiçoar as misturas finais e obter produtos por extrusão e filmes, por exemplo. Além disso, exportamos amostras para universidades e centros de pesquisa brasileiros e estrangeiros, em países como Alemanha, Canadá, Japão e Estados Unidos, onde são feitas pesquisas de aplicações para substituir plástico convencional e para adequação às normas locais. O material fornecido em pequenas quantidades agora é ferramenta para desenvolver mercados. Este é o tipo de produto que se vende com informação.
Já está constituída a PHB Industrial S.A., especialmente para a produção e comercialização do plástico biodegradável de cana, com pagamento de royalties para a Copersucar e o IPT", explica Ortega.
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