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Cérebro
movido a música
13/04/2005
Por Simone Biehler Mateos, do Rio de Janeiro
Revista Pesquisa
FAPESP - Uma
sólida formação musical faz com que mais áreas do cérebro se ativem quando uma
pessoa ouve música. Isso é o que demonstra um experimento proposto pelo novo
Museu da Ciência de Barcelona, o CosmoCaixa, e apresentado por seu diretor, o
físico Jorge Wagensberg, durante a Reunião de Museus da Ciência Latino-Americanos,
que ocorre no Rio de Janeiro. “É um bom exemplo de como um museu da ciência
pode contribuir não só para divulgar, mas para produzir ciência”, disse
Wagensberg.
O fenômeno pôde ser
claramente observado em duas ressonâncias magnéticas funcionais feitas,
simultaneamente, em uma violinista profissional e em outra mulher, com curso
superior, sem nenhuma formação na área, que não tinha sequer o hábito de ouvir
música. As duas submeteram-se ao exame enquanto ouviam a Sinfonia do Novo
Mundo, de Dvorak, justamente a obra que a violinista estava executando com
sua orquestra por aqueles dias.
Na mulher sem formação
musical a sinfonia ativou apenas o córtex cerebral responsável pela audição. Já
na violinista ativaram-se sucessivamente essa área, uma outra que se acredita
relacionada à linguagem musical, uma terceira, considerada uma região
pré-motora, na qual o cérebro “planeja” os movimentos do corpo, e, em menor
intensidade, uma quarta cujas funções ainda são desconhecidas.
“O cérebro da violinista
previa antecipadamente as notas, os ritmos e acordes da música e tocava
mentalmente a obra, imaginando os movimentos que faria para executá-la”,
explicou Wagensberg, que pretende publicar em breve um artigo científico sobre
os resultados.
A idéia do experimento
nasceu de uma conferência dada no museu pelo neurologista Robert Zatorre, da
Universidade Mgill, no Canadá, um dos maiores especialistas sobre a interação
entre música e cérebro. Zatorre demonstrou como, graças aos tons musicais,
podem se observar fenômenos ligados à plasticidade do cérebro, mudanças
anatômicas e até mesmo diferenças nas conexões dos neurônios.
Zatorre mostrou, por
exemplo, que a zona que controla os dedos apresenta adaptações resultantes,
provavelmente, da experiência de manejo de um instrumento musical. As
ressonâncias magnéticas com que trabalha revelam não só uma forte resposta
neuronal nessas áreas como até mudanças anatômicas com áreas de maior densidade
de matéria cinza.
Confira a cobertura feita
pela revista Pesquisa FAPESP do Congresso Mundial de Centros de Ciência:
www.revistapesquisa.fapesp.br