PAVIMENTO DE CONCRETO: A ALTERNATIVA URBANA SUSTENTÁVEL
Apesar do esforço de inúmeros países em contemplar prioritariamente o transporte coletivo, nos últimos 40 anos houve um crescimento de 10 vezes no número de veículos no mundo, chegando-se aos atuais 700 milhões. Impactos ambientais estão concentrados em áreas urbanas. Emissões particuladas provenientes de motores a diesel, de pneus e do pavimento, são severas em áreas urbanas. A proporção de emissão de CO2 proveniente do setor de transporte varia de 15-25%. A questão energética é igualmente essencial. Nos Estados Unidos, maior consumidor mundial, o transporte consome mais de 25% de toda energia e mais de 60% de todo petróleo. O que se verifica em termos urbanos é que caótico problema de trânsito é muitas vezes agravado por sucessivas intervenções no pavimento. Na cidade de S.Paulo, mais de 1500 buracos surgem diariamente, sendo que em épocas de chuva esses número chega a dobrar. Estradas esburacadas elevam em 38% o custo operacional do veículo e onera em 18% o custo de transportes. Presume-se que em vias urbanas esses valores sejam próximos. O pavimento de concreto traz vantagens em relação ao asfáltico, mencionando-se a durabilidade 3-6 vezes superior, vida útil variando de 25-40 anos, mesmo com um volume de tráfego elevado, enquanto a manutenção de um bom pavimento asfáltico começará em torno do 5º ano. Exibe maior resistência à degradação face ao derramamento de óleo, maior resistência ao rolamento, particularmente para caminhões, propiciando economia de combustível da ordem de 20%. A economia de energia elétrica, com postes, luminárias e com sinalização é, de aproximadamente 30%. O pavimento rígido permite também reduzir a espessura das fundações empregando menor quantidade de agregados naturais. Os Concretos de Alto Desempenho ( CAD) com resistências variando de 40 a 100 MPa representam uma classe bastante especial para pavimentação e obras de arte, apresentando como principal característica a durabilidade. Deve dar grande ênfase à circulação em pontes e viadutos no sentido de incrementar sua durabilidade, mediante utilização de CAD. Tanto no Canadá, como nos EUA o número de obras de arte utilizando CAD tem crescido substancialmente, com economia, pois são obras duradouras. O uso da técnica de whitetopping deve ser considerado com muita atenção e contemplada quando possível em avenidas e cruzamentos. Por outro lado muitos estudos tem sido feitos visando a utilização de concreto compactado a rolos como alternativa mais fácil e econômica, com qualidade compatível, particularmente após o advento da tecnologia que possibilita obter alto desempenho para esse tipo de concreto. A reciclagem com cimento é outra possibilidade que não pode deixar de ser considerada. O solo cimento poderia ser utilizado em pavimentações na periferia, por ser de baixo custo. Muitas vezes a geração de resíduos a serem reciclados são provenientes da própria necessidade de ampliação da malha viária urbana, requerendo desapropriações e demolições de áreas residenciais. Boa parte desses materiais poderia ser usado como base e sub-base na própria pavimentação a ser efetuada. Muitos projetos de reutilização de pavimentos velhos têm sido realizados com sucesso, caso de uma estrada na Áustria, onde entre 1991 e 1995, quase 150 km de estrada foram reconstruídos reutilizando-se 100% do concreto do pavimento velho. O uso criterioso da pavimentação em concreto não é obviamente a solução definitiva para os problemas que afetam as áreas urbanas. Se nos preceitos ecológicos a prevenção de geração de resíduos é o primeiro critério de gestão ambiental, o concreto atende admiravelmente bem esse quesito na pavimentação. Seu potencial está relacionado a suas qualidades intrínsecas e à contribuição que pode representar em termos de alívio ao grave problema urbano. Deve-se contemplar e utilizar a análise de ciclo de vida como uma ferramenta na tomada de decisões quando da execução de obras viárias. A palavra do futuro na pavimentação deverá ser "ecoeficiência" e o pavimento rígido certamente terá um papel relevante a desempenhar. |