TRANSCENDER O INCOMPREENSÍVEL?
Um grave e curto “não” seria a resposta aparentemente óbvia
para a pergunta acima. Pelo menos é o que responderia a maior parte dos
leitores, na maior parte das situações. Bem, em se tratando da Secretaria de
Desenvolvimento Educacional (SEDUC) da Prefeitura Municipal de Cubatão, a
resposta pode ser um suave e audacioso “sim”: é possível transcender o
incompreensível. Vejamos por quê.
A atual administração da SEDUC vem demonstrando o que parece
ser intranscendente. Em seqüências de absurdos administrativo-pedagógicos de um
teor hilário inimaginável, os professores da rede municipal vêm sendo
afrontados com atitudes dignas de contos dantescos. Primeiramente, um vaivém de
informações controversas sobre o famigerado Plano de Carreira — algo que, de
início, parecia ser a solução de vários entraves do corpo docente, há anos,
transformou-se em brigas de interesses particulares, em detrimento da
coletividade — sacudiram os ânimos e colocaram em xeque, ainda que sutilmente,
a seriedade do trabalho da equipe. Dizem os rumores que o Plano de Carreira,
discutido anteriormente pelo corpo docente do Município e formatado por uma
comissão especialmente designada para tal, foi sub-repticiamente alterado em
alguns itens, gerando desentendimentos entre a SEDUC e a Administração da
Prefeitura. O Departamento de Recursos Humanos tenta gerenciar a confusão,
ficando à mercê deste trânsito de informações duvidosas. Aos professores coube,
então, iniciar as aulas sem saber salário — e sem receber, inclusive, as aulas
ministradas a mais para os que aumentaram a carga horária semanal. Mas a coisa
não pára por aí. O conto dantesco continua, desta vez menos hilário e talvez
mais jocoso. Muitos leitores talvez desconheçam o fato de que professores
aprovados em concurso público, para a função docente, estejam alegremente
desfrutando do convívio com pássaros e outros animais, cumprindo carga horária
— que deveria ser em sala de aula, ou na escola — no Parque Ecológico Cotia-Pará
(!?). E a ciranda da “Sucupira Cubatense” prossegue. Em meio ao caos
administrativo e das lacunas de aulas, carga horária etc., focos de incêndio
são tratados isoladamente: problemas de docentes são resolvidos à revelia,
demonstrando, muitas vezes, descaso para com os demais colegas do corpo
docente. Lotes de aulas vagos à espera de professores... e o concurso de 2004?
Resta, então, uma indagação pertinente: até quando
suportaremos trabalhar sob tais circunstâncias? Ninguém sabe, poucos ousam cogitar.
Eu, como professor indignado desta SEDUC, convido todos a uma reflexão que gere
atitudes e, no mínimo, um denominador comum para satisfação de todos.