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FITOSSOCIOLOGIA E LEVANTAMENTO FLORÍSTICO

SEMANA 11
Espécies nativas e exóticas
Endemismo
Vinícola Casa da Árvore

Fontes: Vinícola Casa da Árvore | Verbete Endemismo da Wikipédia


OBJETIVOS
Após esta aula, você deverá ser capaz de
:
  • Diferenciar espécies nativas de exóticas
  • Compreender o conceito de endemismo
  • Realizar prática de campo em uma vinícola com área de mata conservada


  • 1. O QUE SÃO ESPÉCIES NATIVAS E EXÓTICAS?

    É muito comum ouvirmos estes dois conceitos: nativo e exótico. Entretanto, nem sempre é fácil saber se uma espécie é nativa (autóctone) ou exótica (alóctone) de certa região: afinal, que indicadores podem nos dar certeza dessa determinação de origem? Alguns deles são:
    1. Registro fóssil
    2. Descrições de flora, incluindo pinturas rupestres
    3. Relatos escritos
    4. Técnicas moleculares e filogenéticas
    Quando os indicadores são sólidos e possuem comprovação científica, a determinação de uma espécie ser autóctone ou alóctone é mais segura; quando tais indicadores são pouco consistentes ou muito escassos, tal determinação pode ser algo meramente especulativo.

    Muitas vezes, espécies alóctones acabam se aclimatando (isto é, se adaptando) na região em que foram inseridas e passam a ser espontâneas. Um exemplo desta situação é o da mangueira (Mangifera indica L., Anacardiaceae): originária da Ásia, esta espécie adaptou-se tão bem ao clima, ao solo e demais condições abióticas no Brasil que se tornou espontânea - assim, muita gente acha que a mangueira (cujo fruto é a manga) é uma espécie nativa do Brasil (pense: se os jesuítas foram os primeiros a trazer mudas de mangueira em meados do século XVI, os indígenas brasileiros não comiam mangas ANTES de os portugueses terem chegado aqui no Brasil!).

    Em levantamentos florístico-fitossociológicos, é importante saber quais espécies são autóctones ou alóctones (Figura 1). Se você está realizando um levantamento em uma área e começa a notar que o checklist de espécies está repleto de espécies exóticas, é intuitivo o pensamento de que tal área: a) foi total ou parcialmente devastada e revegetada com muitas espécies exóticas; b) foi (é) muito visitada e acidentalmente espécies exóticas foram introduzidas; c) pode ser apenas um fragmento de borda de mata, sem adensamento vegetal de espécies nativas.


    Figura 1. Em primeira impressão, pensamos que todos estes frutos são nativos do Brasil. Entretanto, nenhum deles é! O que mais se aproxima biogeograficamente de nosso país é o abacate, cujo centro provável de origem é a América Central e Caribe.

    A legenda da Figura 1 causou estranhamento? Então, conheça mais sobre plantas autóctones e alóctones lendo este artigo.


    2. O QUE É ENDEMISMO?



    Em botânica e zoologia, chamam-se endemismos (do grego endemos, "indígena") grupos taxonômicos que se desenvolveram em uma região restrita.

    Em geral, endemismos resultam da separação de espécies, que passam a se reproduzir em regiões diferentes, dando origem a espécies com formas diferentes de evolução. Mecanismos de isolamento, alagamentos, movimentação de placas tectônicas etc. podem gerar focos de endemismos. Por exemplo: devido à deriva continental, as espécies de Madagáscar ou da Austrália são flagrantes de endemismos.

    A ocorrência de endemismos depende da mobilidade dos organismos. Plantas e peixes de água doce são os organismos mais afetados por processos endêmicos, visto que a mobilidade é feita de forma mais restrita do que a realizada, por exemplo, por as aves ou mamíferos.

    Algumas doenças e pragas, ao serem próprias de determinadas regiões, também são consideradas endêmicas (como a Doença de Chagas - Tripanossomíase - ocorrente em certas regiões de Minas Gerais e do Nordeste).

    Podemos classificar os endemismos, principalmente na área da botânica, quanto à sua origem, em:

    1. Endemismos paleogênicos (ou relíquias), quando grupos de plantas que eram abundantes em eras geológicas remotas foram reduzidos a poucos representantes viventes, como é o caso de Ginkgo biloba (Ginkgoaceae), atualmente endêmico em estado natural apenas no sul da China.
    2. Endemismos neogênicos, quando grupos de plantas evoluíram em eras geológicas recentes, sem terem tido tempo suficiente para se disseminarem a outras regiões mais amplas, como é o caso de Saxifraga cintrana (Saxifragaceae), planta encontrada, somente, na Serra de Sintra, Montejunto e Serra de Candeeiros, em Portugal.
    A Mata Atlântica é um dos biomas mais ricos em plantas endêmicas do mundo, destacando-se, em particular, os grupos de orquídeas (Orchidaceae) e bromélias (Bromeliaceae).


    3. O QUE É A AULA PRÁTICA DE CAMPO NA VINÍCOLA CASA DA ÁRVORE?



    Este local é de fácil acesso a partir do câmpus São Roque do IFSP e pode, inclusive, ser visitado a pé a partir dele. A ideia da visita em campo nas áreas de mata dessa propriedade é dar continuidade às práticas de campo, consolidando, assim, os conhecimentos construídos até o momento (Figura 2).


    Figura 2. Vista aérea da Vinícola Casa da Árvore. O círculo amarelo mostra a área de viticultura. As áreas vegetadas são locais de pesquisa e levantamento para a parte prática de campo (fonte da imagem: GoogleEarthTM).


    Leitura 1
    Espécies exóticas presentes na Mata da Câmara - São Roque

    Leitura 2
    Árvores nativas e exóticas plantadas na área pericentral da região urbana de São Roque, SP

    Leitura 3
    Endemismo: Passado, Presente, Futuro

    Leitura 4
    Lista de espécies de plantas nativas em viveiros no Estado de São Paulo


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