A JUVENTUDE, A ESCOLA E A EDUCAÇÃO DO NOSSO TEMPO

É discurso comum entre os pais e educadores que nossa juventude não tem mais ideais. Dizemos que vivem em um mundo de consumo, em que a mediocridade e a preguiça são estimuladas pelos controles remotos, e que tudo alcançam com um simples clicar de botões.

Esse discurso tem favorecido uma espécie de descompromisso nosso para com os jovens: eles são assim e quase nada podemos fazer, já que eles não respondem com generosidade às nossas grandiosas propostas de educadores.

Isso não é verdade! Os jovens de hoje, como os de todos os tempos, são imensamente generosos, criativos e heróicos. São capazes de morrer pelas causas em que acreditam. As manchetes de jornais assim o testemunham todos os dias. Vemos quantos morrem em acidentes em esportes radicais, quantos lutam entre si nos bailes funks, quantos se acidentam nas estradas em loucas corridas, quantos se alucinam no mundo das drogas, arriscando a saúde e a vida para não denunciarem os companheiros. São imensamente generosos.

Talvez nossa geração não tenha conseguido apontar ideais pelos quais esses jovens possam dedicar suas existências. Nós tivemos os nossos, mas não conseguimos trazer-lhes outros que significassem caminhos dignos de dedicarem as próprias vidas!

A educação escolar tem sido uma das grandes mentoras da criação de desafios para a juventude. Desafios que significam oportunidades para a apreensão do belo e da harmonia. Desafios que os ajudam a dar significado a suas vidas, a construir projetos de um futuro digno. Sabemos que é preciso mais, muito mais, para que se possa garantir compromissos verdadeiros com a construção desse futuro. Sabemos que, se fracassar nesse seu ambicioso projeto, a educação fará ruir muito mais do que os seus estatutos.

A exclusão da escola é uma forma perversa e irremediável de exclusão social, por negar o direito elementar de cidadania e por reproduzir, desse modo, o círculo da pobreza e da marginalidade, alienando qualquer perspectiva de futuro para crianças e jovens, vítimas desse processo. Por isso, é preciso desenvolver políticas de valorização dos professores, visando a melhoria das condições de trabalho e de salário, assim como é igualmente importante investir na sua qualificação, capacitando-os para que possam oferecer um ensino de qualidade, ou seja, um ensino mais relevante e significativo para os alunos. Para isso, é necessário criar mecanismos de formação inicial e continuada que correspondam às expectativas a curto e longo prazos, com objetivos claros, que permitam avaliar, inclusive, os investimentos.

Há um consenso, por outro lado, de que é preciso estimular, de fato, o envolvimento e a participação democrática da comunidade, empresas e dos pais nas diferentes instâncias do sistema educativo e, especialmente, criar mecanismos que favoreçam o seu envolvimento no projeto educativo das escolas.