O MILÊNIO EM UMA SEMANA

OITO OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO

Mariana Loiola

Em 2000, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), subscritos por 191 países, inclusive o Brasil - um conjunto de oito grandes metas a serem atingidas pelos países até 2015, por meio de ações concretas dos governos e da sociedade. Para difundir e colocar em prática esse compromisso no Brasil, uma iniciativa da sociedade civil prepara uma ampla mobilização em todo o país. O Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade - representado por um conjunto de empresas e organizações sociais - pretende sensibilizar a população com ações concretas a serem concentradas durante a Semana Nacional pela Cidadania e Solidariedade, que acontece de 9 a 15 de agosto, em todo o Brasil. A idéia é que cada parcela da sociedade possa desenvolver livremente, a seu critério, debates e ações práticas de cidadania e solidariedade.

O secretário executivo da Semana Nacional pela Cidadania e Solidariedade, Gilberto Galan, conta que a idéia dessa iniciativa surgiu para alimentar o movimento crescente de responsabilidade social no país. Os Objetivos do Milênio juntamente com o símbolo da Semana - Herbert de Souza, o Betinho – servem de inspiração para o evento, que ocorrerá todos os anos e terá início no dia 9 de agosto (aniversário da morte de Betinho). "Queremos despertar o espírito e solidariedade que é latente no povo brasileiro", acredita Gilberto.

Criada e veiculada de forma voluntária, a campanha de comunicação produzida para a Semana Nacional pela Cidadania e Solidariedade tem a intenção de traduzir de forma clara e simples o compromisso, definido pela ONU, para a população em geral. Dessa forma, foram criados os slogans "Oito jeitos de mudar o mundo" e "Nós podemos".

O oito objetivos - ou "jeitos de mudar o mundo" - são: acabar com a fome e a miséria; educação básica de qualidade para todos; igualdade entre sexos e valorização da mulher; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde das gestantes; combater a Aids, a malária e outras doenças; qualidade de vida e respeito ao meio ambiente; e todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento.

Em todo o Brasil, várias cidades terão eventos que ressaltem aspectos da responsabilidade social, durante a Semana Nacional pela Cidadania e Solidariedade. O Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida (Coep) realiza, desde 2000, uma ação semelhante durante a Semana Nacional de Mobilização pela Vida, com uma série de atividades em todo o Brasil, como a promoção da discussão sobre cidadania em escolas públicas. Outra atividade realizada pelo Coep nesse período é a campanha pela aprovação do projeto de lei que cria o Dia Nacional de Mobilização pela Vida. A idéia do projeto de lei é que até 9 de agosto de cada ano o governo publique o que fez pelo combate à pobreza.

Este ano, os esforços do Coep se somarão aos de outras organizações do Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade e estarão integrados à Semana Nacional, que também conta com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). André Spitz, presidente do Coep Nacional, diz que é importante promover uma discussão nacional sobre quais seriam as metas sociais do Brasil. "Os compromissos do milênio são muito gerais e universais. É preciso nacionalizar essa discussão", diz.

Em artigo sobre essa mobilização nacional, Frei Betto, assessor especial da Presidência da República, que também participa do movimento, diz que "a motivação é despertar gestos de pessoas e instituições que façam multiplicar exemplos de cidadania e solidariedade". Ele ressalta ainda que "qualquer pessoa ou instituição ­ movimento social, denominação religiosa, ONG, escola, empresa, associação etc. - pode e deve participar da Semana, recriando-a no local onde se insere. Basta promover algo que reforce a cidadania e a solidariedade: mesas-redondas; campanhas; palestras; mutirão que beneficie, sem assistencialismo, a população de baixa renda", propõe. Na página www.nospodemos.org.br, pode-se encontrar diversas sugestões de ações, a agenda da Semana e outras informações sobre como participar deste movimento.

O secretário executivo do evento ressalta que não será possível medir os resultados práticos da mobilização. "Não temos a pretensão de controlar os resultados. Esse é um movimento intencionalmente caótico", diz Gilberto Galan.