04/02/2005 - 14h46
da BBC Brasil
Muitos bebês estão sendo
superalimentados nos primeiros meses de vida, segundo um estudo produzido pela
OMS (Organização Mundial de Saúde).
Novos dados levantados
pela organização mostram que as tabelas de crescimento superestimaram o peso
que os bebês deveriam ganhar na fase de crescimento.
Segundo a pesquisa da
OMS, que analisou 8.440 crianças em seis países, incluindo o Brasil, as tabelas
de crescimento usadas por profissionais da saúde estão erradas.
Como resultado do erro,
os pais passaram a usar leite em pó em excesso para alimentar seus filhos.
O resultado mostra que os
bebês que são amamentados apenas por leite materno são mais magros e mais altos
do que aqueles que tomam leite em pó, mas os cientistas dizem que isso é
perfeitamente saudável.
A OMS descobriu que o
peso ideal para bebês de 2 anos ou 3 anos estava de 15% a 20% mais alto nas
tabelas de crescimento usadas pela organização.
As tabelas sugerem que
crianças de um ano pesem entre 10,2 kg e 12,93 kg, quando na verdade deveriam
pesar entre 9,53 kg e 11,79 kg, de acordo com a OMS.
Os pesquisadores dizem
que a superalimentação das crianças pode explicar em parte por que a atual
geração de adultos é a mais obesa de todos os tempos.
A OMS disse ainda que vai
publicar novas tabelas de crescimento até o final do ano.
Dieta
As tabelas atuais de
crescimento de crianças são baseadas em estudos feitos com bebês que se
alimentavam de leite em pó há mais de 20 anos.
Essas pesquisas sugeriam
que os bebês que eram amamentados exclusivamente do leite materno normalmente
não cresciam de maneira adequada nos primeiros meses porque ganhavam peso em
uma velocidade menor.
Por isso, as mães eram
aconselhadas a suplementar a dieta das crianças com leite em pó ou até mesmo
trocar a amamentação por completo.
No entanto, nos últimos
anos ficou comprovado que o leite materno tem a melhor combinação de nutrientes
para o crescimento de uma criança.
Crescimento
"Os novos padrões
oferecem uma melhor descrição do crescimento psicológico e estabelecem que a
amamentação das crianças é a regra biológica", diz Mercedes de Onis, uma
das pesquisadoras da OMS.
Segundo Prakash Shetty,
chefe do planejamento nutricional do FAO (Fundo para Agricultura e Alimentos
das Nações Unidas), as novas recomendações significam que as calorias ingeridas
diariamente pelas crianças devem ser 7% menor do que os níveis recomendados
atualmente.
"Se você analisa as
necessidades dessas crianças que são alimentadas exclusivamente de leite
materno, é possível perceber que elas precisam de menos calorias do que aquelas
que se alimentam de leite em pó", diz Shetty.
Ele também afirma que a
maneira que a ingestão de calorias é medida deveria ser mudada, inclusive para
adultos.
Em vez de ter quantidades
diferentes para homens e mulheres, as pessoas deveriam ser aconselhadas de
acordo com a energia que elas gastam diariamente.
Uma pessoa que fica o dia
todo sentada e não faz qualquer exercício deve consumir menos que 1,7 mil
calorias --um número bem menor do que as de 2 mil calorias para mulheres e 2,5
mil para homens recomendadas atualmente.
Uma mudança também
aconteceria para uma pessoa que faz muitos exercícios, que deveria passar a
consumir cerca de 4 mil calorias por dia.