Pescadores enfrentam redução de espécies
Da Reportagem A Tribuna (Nilson Regalado)
Dos bons tempos em que os pescadores retiravam do mar o próprio sustento e dinheiro suficiente para dar uma qualidade de vida razoável para a família, restaram as lembranças. Os 3.900 pescadores de Santos e Guarujá consideram-se órfãos de uma política capaz de reverter o quadro crítico que o setor enfrenta. A eles, só resta rogar dias melhores ao padroeiro da categoria, São Pedro, o santo pescador que tem seu dia comemorado hoje.
O pior é que até a tradicional procissão marinha que coloria o mar em homenagem ao santo foi substituída neste ano por missas solenes. As cerimônias serão celebradas às 9 e às 18 horas de domingo na Capela de Nossa Senhora dos Navegantes, na Ponta da Praia.
Não obstante a extensão da costa brasileira com grande diversidade de fauna e flora, a poluição dos mares e o aquecimento do planeta diminuíram o estoque de pescado. A falta de planejamento da extinta Superintendência para o Desenvolvimento da Pesca (Sudepe) também contribuiu.
Há 27 anos, 150 mil toneladas de sardinha passaram pelo Terminal Pesqueiro de Santos (TPS). Em 2000, juntando a produção do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, apenas 35 mil toneladas do peixe foram coletadas pelas traineiras, de acordo com dados do Instituto de Pesca.
Apesar dos esforços no sentido de garantir o defeso da espécie, as agressões parecem ter deixado marcas profundas, tanto que no estado americano da Califórnia a sardinha simplesmente desapareceu.
O mesmo problema é enfrentado pelos cerca de 300 barcos que compõem a frota camaroneira de Santos e Guarujá. Em 1986, 4.710 toneladas de camarão-sete-barbas foram desembarcadas. Em 2000, o Instituto de Pesca contabilizou o desembarque de apenas 631 toneladas nas duas cidades.