PROGRAMA DE FORMAÇÃO
CONTINUADA — TEIA DO SABER
DIRETORIA DE ENSINO –
REGIÃO CENTRO
MÓDULOS I E II
CURSO “METODOLOGIAS DE
ENSINO DE DISCIPLINAS DA ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA, MATEMÁTICA E SUAS
TECNOLOGIAS DO ENSINO MÉDIO: FÍSICA, QUÍMICA E BIOLOGIA”
Encontro de 26/11/05
7 DICAS PARA DAR
AULAS MELHORES
Júlio Clebsch
http://www.profissaomestre.com.br/smu/smu_vmat.php?s=501&vm_idmat=581
1 - Incite, não informe
Uma
boa aula não termina em silêncio, ou com os alunos olhando para o relógio. Ela
termina com ação concreta. Antes de preparar cada aula, pergunte-se o que você
quer que seus alunos aprendam e façam e como você os convence disso?
Olhe em volta, descubra o que pessoas, nas mais diferentes profissões, fazem
para conseguir a atenção dos outros. Por exemplo, ao fazer um resumo de uma
matéria, não coloque um “título”; imagine-se um repórter e coloque uma
manchete. Como aquela matéria seria colocada em um jornal ou revista? Use o
espírito das manchetes, não seja literal, nem tente ser um professor do tipo:
Folha: Números Primos encontrados no congresso. 68% dos outros algarismos são
contra.
IstoÉ: Denúncia: A conta
secreta de Maurício de Nassau. Fernando Henrique poderia estar envolvido, se já
fosse nascido.
Zero Hora: O Mar Morto não fica no Rio Grande do Sul. Apesar disso, você
precisa conhecê-lo.
Caras: Ferro diz que relacionamento com oxigênio está corroído: “Gás Nobre
coisa nenhuma”.
2 - Conheça o ambiente
Você nunca vai conseguir a atenção de uma sala sem a conhecer. Onde moram
os alunos e como eles vivem - quem vem de um bairro humilde de periferia não
tem nada a ver com um morador de condomínio fechado, apesar de,
geograficamente, serem vizinhos. Quais informações eles tiveram em classes
anteriores, quais seus interesses. Mesmo nas primeiras séries cada pessoa tem
suas preferências e o grupo assume determinada personalidade.
3 - No final das contas (e no começo
também)
As partes mais importantes de uma aula são os primeiros 30 e os últimos 15
segundos. Todo o resto, infelizmente, pode ser esquecido se você cometer um
erro nesses momentos.
Os primeiros 30 segundos (principalmente das primeiras aulas do ano ou
semestre) são um festival de conceituação e de cálculo dos discentes. Mesmo
inconscientemente, eles respondem às seguintes questões:
- Quem é esse professor? Qual seu estilo?
- O que posso esperar dessa aula hoje e durante todo o ano?
- Quanto da minha atenção eu vou dedicar?
E isso, muitas vezes, sem que você tenha aberto a boca.
4 - Simplifique
Você certamente já presenciou esse fenômeno em algumas palestras: elas
acabam meia hora antes do final. Ou seja, o apresentador fala o que tinha que
falar, e passa o resto do tempo enrolando. Ou então, pior, gasta metade da
apresentação com piadas, truques de mágica, histórias pessoais que levam às
lágrimas, “compre meu livro” e aparentados, e o
assunto, em si, é só apresentado no final - se isso.
Por isso, uma das regras de ouro de uma boa aula é - simplifique, tanto na
linguagem como na escrita. Caso real: reunião de condomínio na praia, uma
senhora reclamava que sua TV não funcionava direito.
Explicaram-lhe que era necessário sintonizar
“AM e FM.”
“Ahhh, entendi.”
Escrever e falar da maneira mais simples possível não significa suavizar a
matéria ou deixar de mencionar conceitos potencialmente “espinhosos”. Use e
abuse de exemplos e analogias. Divida a informação em blocos curtos, para que
seja melhor assimilada.
5 -
Ponha emoção
Certo,
você tem PhD naquela área,
pesquisou o assunto por meses a fio, foi convidado para dar aulas em faculdades
européias. Mesmo assim, seus alunos podem não prestar atenção
- 55% estímulos visuais - como você se apresenta, anda e gesticula;
- 38% estímulos vocais - como você fala, sua entonação e timbre;
- e apenas 7% de conteúdo verbal - o assunto sobre o
qual você fala.
Apoiar-se somente na matéria é uma forma garantida de falar para a parede, já
que grande parte dos alunos estará prestando atenção em outra coisa. Treine
seus gestos, conte histórias, movimente-se com naturalidade. Passe sua mensagem
de forma intererssante.
Para o bem e para o mal, você dá aula para a geração videoclipe. Pessoas que
foram criadas em frente aos mais criativos comerciais, em que videogames
mostram realidades fantásticas. Entretanto, a tecnologia deve ser encarada como
aliada, e não inimiga - apresentações multimídia,
aparelhos de som, videocassetes - tudo isso pode ser usado como apoio à sua
aula.
6 - A pedra no sapato
Pode ser a bagunça da turma do fundão. No ensino médio e superior, pode ser
aquele aluno que duvida de tudo o que você diz pelo simples prazer de duvidar.
Ou pode até ser um livro esquecido, ou computador que resolve não funcionar.
De qualquer maneira, grande parte do sucesso de sua aula depende de como você
lida com esses inesperados. Responda a uma pergunta de maneira rude ou desinteressada,
e você perderá qualquer simpatia que a classe poderia ter por você. Seja
educado e solícito - a pior coisa que pode acontecer a um professor é perder a
calma.
A razão é cultural e muito simples: tendemos sempre a torcer pelo mais fraco.
Neste caso, seu aluno. A classe inteira tomará partido dele, não importa quem
tenha a razão.
Se um discípulo fizer um comentário rude, repita o que ele disse e fique em
silêncio por alguns instantes - são grandes as chances de ele se arrepender e
pedir desculpas. Se for preciso, diga algo como “Estou pensando no que você
disse. Podemos falar sobre isso após a aula?” Outra forma de se lidar com a
situação é responder a questão na hora, ponderadamente
- e para toda a classe, não apenas para quem perguntou. Termine sua exposição
fazendo contato visual com outro aluno qualquer, por duas razões - a expressão
dele vai lhe dizer o que a turma inteira achou do que você disse, ao mesmo tempo que desistimula
outras participações inoportunas do aluno que o interrogou.
Não transforme sua aula em um debate entre você e um aluno - há pelo menos mais
20 e tantas pessoas presentes que merecem sua atenção.
7 - Pratique
Sua aula, como qualquer outra ação, melhora com o treino. Muitos
professores se inteiram da matéria, e só treinam a aula uma vez - exatamente
quando ela é dada, na frente dos alunos. Não é de se admirar que aconteçam
tantos problemas com o ritmo - alguns tópicos são apresentados de maneira
arrastada, outras vezes o professor termina o que tem a dizer 20 minutos antes
do final da aula. Sem falar nos finais de semestre em que se “corre” com a
matéria.
Só há uma maneira de evitar tais desastres. Treine antes. Dê uma aula em casa
para seu cônjuge/filhos ou, na falta desses, para o espelho. Não use animais de
estimação, são péssimos alunos - seu cachorro gosta de tudo o que você faz e os
gatos têm suas próprias prioridades, indecifráveis para as outras espécies. E o
que se busca com o treino é,principalmente, uma
crítica construtiva.