PROGRAMA DE FORMAÇÃO
CONTINUADA — TEIA DO SABER
DIRETORIA DE ENSINO –
REGIÃO CENTRO
MÓDULOS I E II
CURSO “METODOLOGIAS DE
ENSINO DE DISCIPLINAS DA ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA, MATEMÁTICA E SUAS
TECNOLOGIAS DO ENSINO MÉDIO: FÍSICA, QUÍMICA E BIOLOGIA”
Encontro de 26/11/05
AVALIAÇÃO
Prof. Brandão Minardi
http://www.profissaomestre.com.br/smu/smu_vmat.php?vm_idmat=83&s=501
Todos os presentes guardam silêncio absoluto, olhos fixos em você,
sofrendo por antecipação. A tensão no ar é tanta que poderia ser cortada com
uma faca. Você quase pode ouvir as dezenas de corações batendo descompassadamente. Uns poucos tentam parecer alheios a
tudo, refugiando-se em anotações, livros e cadernos, mas no fundo, não
conseguem absorver nada do que está escrito ali.
É dia de prova.
Teste. Bimestral. Dissertação. Redação. Avaliação. Ah, são tantos nomes,
mas não importa. A apreensão que eles trazem a seus
alunos é sempre a mesma. Cria-se um ambiente em que tudo pode acontecer. Desde
um aluno, escoladíssimo, conseguir colar com a maior cara-de-pau, sem despertar nenhuma suspeita, até uma
discípula resolver a prova rapidamente, achar que "não é possível, devo
ter respondido algo errado", e substituir todas as respostas certas por
erradas.
É dia de prova.
E são dezenas de cabeças concentradas sobre papéis, numa luta contra dez
questões impiedosas. Ali, joga-se o futuro. Sim, porque quando se tem poucos
anos de vida, o futuro pode ser resumido numa viagem ao Beto Carreiro "se
você passar direto". E, ao se colocar a folha na mesa do professor, a
angústia não acaba. É hora da correção do corredor. O que você respondeu na 5? A 9 era verdadeira ou falsa?
Crescem as dúvidas, num suspense que só acaba bem ou mal quando o professor dá
a nota.
É dia de prova.
Se para o aluno a situação é difícil, para o professor é muito mais. É
você que deve procurar a melhor maneira de avaliar os alunos, sem cometer
injustiças. O teste, portanto, deve ser montado de maneira que verifique
realmente, o que ele aprendeu da matéria, e não somente o que ele decorou. Deve-se levar em conta que os alunos possuem diferentes
tipos de inteligência, e que nenhum pode ser prejudicado por um tipo de
avaliação que privilegie apenas um tipo de pensamento.
Além de se preocupar com tudo isso, o professor também deve montar uma
prova clara, sem questões que levem a interpretações
subjetivas a não ser que queira se desgastar com reclamações e revisões.
O que é avaliar
bem
A avaliação deve ser entendida como um meio de se obter informações e
subsídios para favorecer o desenvolvimento do aluno e ampliação de seus
conhecimentos. Ao dispor dessas informações, é possível adotar procedimentos
para correções e melhorias no processo, melhorando o trabalho pedagógico. Dessa
forma, não se está puramente medindo e julgando os alunos. No final das contas,
estamos medindo a nossa própria capacidade e a da escola em passar o
conhecimento para os alunos.
Porém, pior que uma avaliação ruim pode ser a falta dela. Por que,
futuramente, seu aluno será avaliado todo dia. Por chefes, colegas, familiares
e clientes. Também poderá ser "reprovado" por eles, através de um
divórcio, demissão ou falência.
Existem basicamente dois tipos de avaliação que você pode usar em seu
dia-a-dia. Vamos analisá-los.
Avaliação Somativa ou
Acumulativa
A avaliação é feita sobre um determinado período de tempo (um mês, duas
semanas, um bimestre) ou após certa matéria ter sido apresentada. Tal avaliação
pode ser apresentada de várias formas:provas
subjetivas e objetivas, dissertações, redações, debates, argüições orais,
trabalhos e experiências (individuais ou em grupo). De qualquer forma, o aluno
deve atingir uma determinada média anual para ser aprovado.
A atribuição de notas serve a três objetivos: classificar o quanto o
aluno atingiu dos objetivos propostos; informar ao estudante, aos pais e
responsáveis o rendimento escolar; promovê-lo ou não para a série seguinte.
Daí se desprende a grande vantagem da avaliação acumulativa: ela é
absolutamente cartesiana, calcada em números e questões
certas ou erradas. Dificilmente um professor pode ser acusado de
injustiça ao se utilizar essa avaliação.
Como desvantagem, essa forma de avaliação eleva os níveis de estresse e
ansiedade de seus alunos, e concentra o resultado de um ano inteiro de esforço
em quatro ou oito dias. Existem maneiras de você minorar esse efeito em seus
discípulos:
- distribua
pontos para a participação em aula, estudo e pesquisa particular (lições de
casa), dissertações (surpresas ou não), trabalho
- permita certa
flexibilidade no calendário. Pergunte aos alunos se eles não têm outra prova
marcada para aquele dia, sugestões de outros dias para a avaliação;
- experimente
testes alternativos. Em grupo ou com consulta, por exemplo. Isso irá acalmar os
ânimos, e ensinar aos estudantes novas formas de trabalhar.
Avaliação formativa ou contínua
Ela é aplicada a cada dia, a cada momento em sala de aula. Após o
desenvolvimento de uma ou mais atividades de aprendizagem, faz-se necessário
verificar em que medida e por quantos alunos o objetivo desejado foi
efetivamente alcançado.
A avaliação contínua é considerada por muitos um avanço, pois ela está
em conformidade com a Teoria das Múltiplas Inteligências do professor Howard Gardner. Afinal, se as
pessoas aprendem de maneiras diferentes, é justo que elas
sejam avaliadas de maneira diferente.
Porém, alguns professores estão aplicando a avaliação contínua de forma
errada. Ou seja, simplesmente estão aplicando mais testes a seus alunos. Dessa
maneira, além de aumentar a ansiedade dos discentes, esses mestres também
perdem tempo afinal, as aulas destinadas às avaliações ocupam espaço antes
destinado a lecionar em si.
Assim, chega o fim do ano, e se é obrigado a "correr com a
matéria". Algo prejudicial tanto para estudantes como para docentes.
Além disso, simplesmente aplicar mais testes altera pouco os resultado s dos alunos. Quem sempre tirou péssimas notas
em química, continuará a tira-las a diferença é que
com uma freqüência maior.
A avaliação contínua pressupõe um monitoramento constante de todas as
atitudes, perguntas, receios, posturas, participações, ausências, além dos
testes dos alunos.
Sim, eles continuam a existir, mas perdem sua condição de importância
única e crucial.
Esse tipo de avaliação deve ser feito a cada nova aula, a cada contato
com o aluno. Um professor deve observar como cada aprendiz procede em face dos
problemas e como ele encontra suas próprias soluções.
A grande desvantagem da avaliação contínua é que ela só funciona em
salas com poucos alunos. Afinal, o professor deve conhecer cada um deles. Não
só o nome, mas também o jeito de ser, aprender e pensar. É preciso conhecer
seus gostos e expectativas.
Outra desvantagem da avaliação continuada é sua subjetividade. É difícil
transformar em algo palpável a participação ou não em sala de aula. Os alunos
precisam saber, com certeza, quais são seus pontos fortes e fracos.
Uma das saídas
para esse problema é avaliar por objetivos. Cada professor deve estabelecer
suas metas para aquela classe naquela disciplina, e comunica-las
aos aprendizes. Alguns exemplos de metas:
- freqüência
comparecer a pelo menos x % das aulas;
- participação
individual e coletiva participar ativamente das tarefas em classe, sozinho ou
em grupo;
- deveres
cumpridos estudar em casa ou na biblioteca;
- hábitos e
atitudes como o aprendiz age perante seus colegas e os professores;
- criatividade
se tem facilidade para encontrar solução para os problemas ;
- liderança
verifique, nos grupos, a facilidade de assumir as rédeas da situação e de
aceitar ordens de colegas (ambas características são
importantes);
- ética se
cumpre o prometido;
- resultado de provas orais e escritas.
Os objetivos atingidos pelo aluno são convertidos em uma nota final
segundo uma tabela de conversão desenvolvida pelo docente. Cada meta atingida
apresenta, naquele momento, um peso específico para a construção do resultado
final.
Assim, a cada atividade, o professor pode alterar os pesos de cada
objetivo na tabela, de acordo com as necessidades da turma. Esse fato deve ser
comunicado com clareza aos alunos. Porém, todas as atividades dos alunos devem
refletir na avaliação, mesmo com um peso pequeno. É sua função fornecer essa
informação a eles.