Pesquisa avalia qualidade de vida de desempregados

http://www.usp.br/agen/bols/2000/rede663.htm

 

Pesquisa realizada na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP avaliou a qualidade de vida de desempregados e detectou que a maioria busca apoio no plano espiritual para enfrentar a situação, aliado à realização de "bicos" para sobreviver. O estudo, Desemprego e qualidade de vida: estratégias de inclusão social e sobrevivência, foi realizado pela pós-graduanda Adriana Caldana, que investigou os aspectos da qualidade de vida dos diretamente atingidos pelo desemprego.
A pesquisadora entrevistou 20 pessoas, as quais foram submetidas ao questionário sobre qualidade de vida proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), composto por 100 questões e abrangendo seis aspectos da vida do trabalhador: físico, psicológico, social, ambiental, espiritual e nível de independência,. Todos os entrevistados eram candidatos às vagas de emprego oferecidas pelo Sistema Nacional de Empregos (SINE) em Ribeirão Preto, de ambos os sexos e com idade entre 35 e 45 anos.
Adriana observou que as estratégias para enfrentar o desemprego são predominantemente individualizadas. Os entrevistados se mostraram descrentes ao se referirem às pessoas que poderiam realizar alguma mudança estrutural (políticos em geral). O caminho mais comum encontrado pelos entrevistados para a volta ao mercado de trabalho foi por meio de atividades precárias. No aspecto emocional, a pesquisadora verificou um grande apego ao plano espiritual, pois 80% dos entrevistados citaram as crenças religiosas como práticas fundamentais para enfrentar a situação. "Além disso, também existe consciência da importância da manutenção da saúde para lidar com a situação de desemprego", explica Adriana.
A pesquisa destaca a necessidade de oferecer preparo e orientação aos desempregados, de modo que consigam lidar com as condições adversas de trabalho, privilegiando ações participativas e não individualizadas. "A idade e a qualificação apareceram como maior obstáculo para a volta ao mercado de trabalho, tornando-se um círculo vicioso. Sem trabalho não há recursos para investir em educação, e sem um determinado grau de escolaridade não há chances de disputar as vagas".
O desemprego, segundo Adriana, é um fenômeno mundial. Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostram que em 1999 havia 1 bilhão de pessoas desempregadas, o correspondente há um terço da população mundial em condições de trabalhar. No mesmo ano, na região metropolitana de São Paulo, o desemprego atingiu cerca de 19,3% da População Economicamente Ativa, segundo o DIEESE. Entre 1989 e 1996 o desemprego cresceu relativamente mais para as pessoas acima de 40 anos e com mais de 11 anos de escolaridade, para os homens e para a população negra. "As empresas procuram jovens, seus anúncios pedem indivíduos com idade entre 25 e 30 anos, pois parecem ser os únicos que conseguem se submeter às mudanças no mundo produtivo".
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( (0XX16) 623-5609.