RESPONSABILIDADE
SOCIAL: O PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES
Adm. Vinícius
Costa
Nas últimas
décadas tem ocorrido uma mudança muito grande no ambiente em que as empresas
operam. As empresas eram vistas como instituições econômicas com
responsabilidades referentes a resolver problemas econômicos fundamentais como
maximização dos lucros e minimização dos custos e, pouco além
disso. Neste contexto os aspectos sociais e políticos afetos ao ambiente
dos negócios não são considerados variáveis significativas e relevantes na
tomada de decisões dos administradores. Entretanto conforme afirma Buchholz (1989, apud DONAIRE, 1999) uma crescente atenção,
por parte das organizações , tem se voltado para
problemas que transcendem aos problemas econômicos das empresas, abrangendo um
espectro muito mais amplo, que envolve preocupações de caráter político-social,
como proteção ao consumidor, controle da poluição, segurança e qualidade dos
seus produtos, assistência médica e social, defesa de grupos minoritários etc.
Donaire (1999)
alerta que essa visão moderna da empresa em relação a seu ambiente é mais complexa,
pois a organização passa a ser vista como instituição sócio-política, sendo essa visão resultado de uma
mudança no enfoque que está ocorrendo no pensamento da sociedade e mudando a ênfase
do econômico para o social. Nesse sentido, muitas das decisões internas da
organização hoje requerem considerações explícitas das influências provindas do
ambiente externo, e seu contexto inclui considerações de caráter sócio-político
que agora se somam às tradicionais considerações econômicas.
Donaire (1999)
ainda lembra que hoje a sociedade tem preocupações ecológicas, de segurança, de
proteção e defesa do consumidor, de qualidade dos produtos etc, que não
existiam de forma tão pronunciada nas últimas décadas, além de que a sociedade
tem ficado mais atenta ao comportamento ético das empresas, bem como sobre atuação
de seus administradores, o que tem resultado em novas leis e regulamentações
que tentam melhorar os padrões éticos das corporações e tem provocado a mudança
da postura estratégica nas organizações em face destas mudanças, dessa forma as
organizações automaticamente são pressionadas a incorporar esses valores e
atender a legislação como forma de manterem-se “vivas”.
“A
principal alteração que se verifica atualmente é a percepção das corporações
sobre o papel que desempenham na sociedade. A corporação não é mais vista como
uma instituição com propósitos simplesmente econômicos, voltada apenas para o
desenvolvimento e venda de seus produtos e serviços. Em face de seu tamanho,
recursos e impacto na sociedade, a empresa tem grande envolvimento no
acompanhamento e na participação de muitas tarefas sociais, desde a limpeza das
águas até o aprimoramento cultural e espera-se que ocorra um alargamento de seu
envolvimento com esses conceitos ‘não econômicos’ no futuro, entre eles a proteção
dos consumidores e dos recursos naturais, saúde, segurança e qualidade de vida
nas comunidades em que estão localizadas e onde fazem seus negócios.” (ANDERSON, 1982, apud DONAIRE, 1999, p.18-19)
“A empresa
deve reconhecer que sua responsabilidade para com a sociedade
e para com o público em geral vai muito além de suas responsabilidades
com seus clientes.” (LONGENECKER, 1981, apud DONAIRE, 1999, p.20).
A
responsabilidade social implica um sentido de obrigação para com a sociedade,
assumindo diversas formas como proteção ambiental, projetos filantrópicos e
educacionais, planejamento da comunidade, serviços sociais em geral, em
conformidade com o interesse público.
Nesse
sentido Donaire (1999) afirma que uma organização só tem razão de existir se
desempenhar um papel socialmente útil, e que o contrato social existente entre
a sociedade e empresa puder ser refeito e revogado
caso elas falhem em atender as expectativas da sociedade. Se as organizações
pretendem sobreviver em longo prazo elas devem atender a essas aspirações e
realizar o que a sociedade pretende, dessa forma a maximização dos lucros deve
ser vista num contexto de longo prazo, pois o comprometimento
com problemas sociais pode resultar num lucro menor, entretanto pode se
transformar em condições mais favoráveis no futuro para a continuidade da
lucratividade e sobrevivência da empresa.
Assim, as
organizações devem colaborar para a solução das questões sociais, não só apenas
por terem contribuído para seu surgimento mas também
porque dispõe de talento gerencial, especializações técnicas e disponibilidade
de recursos e de materiais que poderão ser extremamente úteis no melhor
equacionamento de tais problemas.
Parte-se do
pressuposto de que “não pode haver nenhuma esperança de existir de uma organização
viável economicamente em uma sociedade deteriorada socialmente.” (DONAIRE, 1999, p.22)
Bibliografia:
DONAIRE,
Denis. Gestão Ambiental na Empresa. 2.ed. São
Paulo: Atlas, 1999.
BRAGA, Vinícius
Costa. Análise da Viabilidade na Implantação de Biodigestores para Tratamento e
Valoração de Dejetos Suínos na Granja Brasil-Agroceres
PIC: 2006. Trabalho de Conclusão de Curso (Administração de Empresas). Centro
Universitário de Patos de Minas/UNIPAM. Patos de
Minas, 2006.