RETROSPECTIVA 2005: APENAS DESTRUIÇÃO?
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Final de ano. As famosas e costumeiras retrospectivas na TV. Os melhores e os piores momentos de 2005, as tragédias que assolaram nosso planeta, fios tênues de esperança nos rostos de pessoas que perderam casa e parentes nas catástrofes do ano que acabou de se findar. Momentos de reflexão e perplexidade.
Nos últimos minutos de 2005, rendi-me à massificação global da telinha e fiquei algum tempo assistindo à seqüência de imagens que mostravam tornados, enchentes, tempestades de neve, queimadas, cortes de árvores, rios secos... morte. Morte de crianças, idosos, mães. Morte de animais e de plantas. Morte por todo lado.
Em sua incompreendida e aparentemente desmesurada ira, a natureza volta-se contra os homens e mostra sua fúria descomunal. Ondas gigantes, furacões cada vez mais fortes, tornados e tempestades tropicais em maior número. Incontestavelmente, estamos colhendo os frutos podres de uma semeadura insana que espalhou sementes de devastação ambiental nunca antes presenciada em nossa história. Nas quatro últimas décadas do século XX, o homem destruiu mais e com maior agressividade do que em todos os milhões de anos em que tem habitado Gaia. Parece não haver limites para a ganância, para a falta de visão de mundo e de previsão de perdas as mais absurdas e jamais imaginadas.
Para quem assistiu ao filme O Dia depois de Amanhã, muitas cenas da vida real do ano passado foram semelhantes a várias cenas do filme, em menor escala. Há quem duvide que o mar, um dia, invadirá as cidades costeiras; há quem duvide que tornados dantescos como os que assolaram Los Angeles na produção cinematográfica chegarão a estraçalhar cidades pelo mundo afora; há quem duvide que o efeito estufa possa alterar drasticamente o clima da Terra, provocando uma nova Era do Gelo devido à dessanilização da água do mar pelo derretimento das geleiras. Será que continuaremos na incredulidade, imaginando que sairemos ilesos desta corrida de destruição ambiental? Já não há sinais suficientes para percebermos que as conseqüências funestas dos estragos à Mãe Gaia estão ocorrendo? Talvez ainda muita gente precise de sinais apocalípticos para, realmente, perceber o que está acontecendo.
Pensando em tudo isso, e voltando às cenas da retrospectiva na telinha, observei muita gente chorando... Chorar pelos estragos não traz de volta o que o homem destruiu (e continua a destruir...!) na Mãe Natureza. Chorar pelos estragos não parece estar causando impactos relevantes na mudança de postura dos seres humanos em relação à extinção de espécies, muito menos às alterações nos ecossistemas e no clima da Terra. Chorar não ressuscita árvores centenárias cortadas no fio da navalha clandestina, nem os animais abatidos impunemente pelos caçadores do câmbio ilegal. Ao invés do choro, a tomada de posição e a luta consciente de cada um de nós para tentar um mundo melhor e mais equilibrado certamente poderão surtir melhores resultados.