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Texto: Renata de Freitas Martins

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TRANSPORTE DE NUTRIENTES NOS VEGETAIS

Generalidades

Para a manutenção de todas as suas atividades metabólicas, as plantas necessitam transportar uma grande variedade de substâncias de uma região para outra.

Nas plantas unicelulares, os centros de produção e consumo de alimentos estão muito próximos, de tal modo que o transporte de substâncias não oferece problemas.

À medida que apareceram as plantas pluricelulares, houve uma especialização progressiva de tal modo que os tecidos fotossintetizantes ficaram isolados nas partes verdes e aéreas e distantes das raízes que necessitam dos produtos da fotossíntese. Por outro lado, as plantas requerem um fornecimento contínuo de água e sais minerais absorvidos pelas raízes. Para promover a união desses dois centros distantes, as plantas desenvolveram, durante a evolução, os tecidos vasculares (condutores). Estes são verdadeiros canais que transportam rapidamente os nutrientes de uma região para outra. Os tecidos vasculares são representados pelo lenho ou xilema e pelo líber ou floema. Mas nem todos os vegetais pluricelulares desenvolveram os tecidos condutores. Nesse caso, o transporte de substâncias se faz lentamente, de célula para célula, por processos de difusão.

Transporte no xilema

O lenho ou xilema é um tecido altamente especializado para o transporte de água e nutrientes minerais, absorvidos do solo. O conteúdo xilemático é conhecido por seiva bruta, mineral ou inorgânica.

Constituição do xilema

O xilema é um tecido complexo formado por diferentes tipos de células.

- Sistema traqueário: é formado por células mortas, longadas e lignificadas. A lignina deposita-se ao longo das paredes celulares formando depósitos anelados, espiralados, reticulados etc. Existem dois tipos de células: elementos do vaso e traqueídes;

- Parênquima lenhoso: constituído por células vivas associadas com as células do sistema traqueário;

- Elementos mecânicos: são células mortas de esclerênquima.

Transporte do floema

O floema é um tecido complexo formado por diferentes tipos de células:

- Células dos vasos crivados (liberianos): são células alongadas, dispostas em fileiras, anucleadas e com paredes celulares delgadas, desprovidas de lignina. As paredes transversais, denominadas placas crivadas, são dotadas de uma grande quantidade de poros. Os bordos desses poros apresentam depósito de um polissacarídeo denominado calose. Os poros das placas crivadas são atravessados por filamentos citoplasmáticos (plasmodesmos), que ligam os citoplasmas das células vizinhas. A calose é uma substância utilizada para promover a obstrução dos poros dos vasos crivados. Isso ocorre em épocas desfavoráveis, por exemplo, no inverno,quando a planta passa por um período de repouso e cessa o movimento de seiva, ou quando a planta é infestada por parasitas (afídeos ou pulgões).;

- Células anexas ou companheiras: são células parenquimáticas especiais, vivas, com núcleo volumoso. As células anexas exercem um papel importante no controle metabólico das células componentes dos vasos crivados. As células dos vasos crivados são anucleadas e todas as suas atividades são reguladas pelas células anexas.

Além desses dois tipos de células, no floema encontram-se células de parênquima e os elementos mecânicos de sustentação (esclerênquima).

O floema é um tecido especializado para o transporte dos nutrientes orgânicos produzidos nas folhas durante a fotossíntese. Os nutrientes orgânicos são formados, principalmente, por açúcares solúveis, dentre os quais o mais freqüente é a sacarose. Além dos açúcares, encontram-se aminoácidos, ácidos graxos e outras substâncias. Essa solução de nutrientes orgânicos forma a seiva elaborada, orgânica ou liberiana.

A seiva elaborada produzida nas folhas é distribuída para todo o corpo vegetal por meio do simplasto (protoplasmas) dos vasos crivados. Dessa maneira, as substâncias chegam às raízes, caules e outros tecidos vegetais. Entretanto, é de se lembrar que nem sempre a seiva é transportada das folhas para as raízes. Existem plantas que perdem as folhas no inverno ou durante períodos de seca. Quando elas começam a brotar, na primavera ou no início das chuvas, a seiva movimenta-se dos órgãos de reserva para as gemas vegetativas ou florais que estão se desenvolvendo, fazendo, portanto, o caminho oposto.

Mecanismo de transporte da seiva elaborada

Até hoje o mecanismo de transporte da seiva orgânica nos vegetais não está muito bem esclarecido. Das várias hipóteses aventadas a mais citada é a Hipótese de Münch ou Hipótese do Transporte em Massa.

Provas do transporte da seiva elaborada pelo floema

- Afídeos ou pulgões: são insetos que parasitam as plantas. Por meio de seus aparelhos bucais, formados por estiletes compridos, penetram nas partes tenras do vegetal e estabelecem uma comunicação com o líber, passando a extrair a seiva elaborada. Cortes feitos nessas regiões e vistos ao microscópio mostram que os estiletes bucais estão localizados no tecido liberiano.

Por outro lado, anestesiando-se esses animais com CO2 e, posteriormente, cortando-se o aparelho bucal, observa-se a saída da seiva elaborada por meio do estilete cortado. Isso é uma prova de que a seiva circula pelo floema com pressão positiva. Explica também a eliminação de gotículas de seiva pelo ânus desses animais, que estão sugando. Na verdade, os animais não sugam, apenas abrem os estiletes bucais dentro dos vasos crivados.A seiva que circula pelo vaso, com pressão positiva, é então pressionada para dentro do aparelho bucal. O excesso de seiva é eliminado pelo ânus, constituindo a chamada "chuva de mel".

- Anel de malpighi ou cintamento: este experimento consiste em tirar a casca de uma árvore ou arbusto formando um anel completo em torno de seu caule. A casca retirada contém os tecidos periféricos e o floema. Resta, na planta, o xilema. Inicialmente, a planta não mostra nenhuma alteração. A seiva bruta sobe pelo xilema e chega às folhas. Estas realizam fotossíntese, produzindo a seiva orgânica que se desloca, para baixo, por meio do floema. Na região do anel a seiva não consegue passar, acumulando-se na parte superior. As raízes, à medida que os dias passam, gastam as reservas e depois morrem. Cessa então a absorção de água, as folhas murcham e a planta morre.