USO RACIONAL DA ÁGUA SERÁ PREMIADO
A Sabesp desenvolve campanhas para combater o desperdício, como o Pura, Projeto de Uso Racional da Água, que existe desde 1996. Um convênio entre a Sabesp e as Secretarias de Estado da Educação e de Energia, Recursos Hídricos, Saneamento e Obras vai levar o Pura às escolas estaduais.
Uma escola grande gasta cerca de 48 milhões de litros de água por mês, e sua conta chega a R$600 mil. A meta é que essa escola consuma 11 milhões de litros/mês. Com isso, a conta cairia para R$130 mil. Não é só a economia em reais que importa. Para o secretário estadual da Educação, Gabriel Chalita, "o projeto deve mudar a atitude das pessoas".
Para incentivar alunos, professores e funcionários a colaborar, o governo do Estado criou um prêmio: quem conseguir o menor consumo, entre 15 de março e 15 de setembro, vai ganhar R$20 mil.
MUDANÇA DE HÁBITO: Com o abastecimento garantido só até 2010, é bom economizar
O abastecimento de água na Região Metropolitana de São Paulo está garantido até o ano de 2010. Depois, serão necessários outros recursos para que a população não fique sem água.
O Brasil possui 12% de toda a água doce do planeta, uma das maiores reservas do mundo. Então, por que economizar? Quase toda essa água, cerca de 70%, está na Bacia Amazônica, com muita floresta e pouca gente.
Já a Região Metropolitana de São Paulo, formada por 39 municípios, é tão seca que parece o sertão nordestino, disse Hedmilton Ensinas, engenheiro em gestão ambiental e mestre em Saúde Pública pela USP. Nessa região está o terceiro maior aglomerado de gente do mundo: são mais de 18 milhões de pessoas. A água disponível para cada habitante é dez vezes menor do que a recomendada pela Organização das Nações Unidas (ONU), ou seja, sobra gente e falta água.
Nessa região, o abastecimento é feito por oito diferentes sistemas que, integrados, formam o Sistema Integrado Metropolitano de Abastecimento. Como não há água para todos, a solução é "emprestar" de outros lugares. Isso já acontece hoje. O Sistema Cantareira, que responde por metade do abastecimento de São Paulo, capta água na vizinha Bacia Hidrográfica do Piracicaba-Capivari-Jundiaí.
Até 2010, mesmo com o crescimento da população, o abastecimento de água está garantido. Depois disso, teremos de buscar água em outras fontes. Mas emprestar "água do vizinho" não é tão simples quanto parece. Além de custar dinheiro, há o custo ambiental que precisa ser calculado. É preciso saber o que vai acontecer com a mata e com os animais se, por exemplo, o curso de um rio tiver de ser alterado.
Atualmente, a Sabesp já estuda outras fontes que possam alimentar os 39 municípios num futuro próximo, mas segundo Hedmilton, que pesquisou a situação atual dos rios e represas da Grande São Paulo, as pessoas precisam colaborar, pois esse é um trabalho de cidadania.