E então, a música...
A música sempre esteve presente na vida humana. Compositores famosos tomaram emprestadas ideias de assobios, cantos de pássaros, ruídos e outras fontes para construírem obras magníficas, que encantam os ouvidos de pessoas no mundo inteiro. A criatividade humana é infinita, tanto quanto seu gosto e apreço pela música.
Apesar de não termos registros musicais do homem pré-histórico, é fácil acreditar-se que este já possuía musicalidade; a própria fala humana é melodiosa em si mesma, e a voz bem treinada é resultado de um aparelho sonoro bastante complexo (a boca, as pregas vocais, os seis nasais e o nariz). Assim, mesmo não tendo registros escritos, podemos imaginar como a "arte das artes" vem se mostrando presente na vida cotidiana do Homo sapiens em todas as culturas, religiões e estratos sociais.
A música é algo que toca o mais profundo de nossa alma. Torna-se importante, portanto, para qualquer pessoa interessada no assunto, compreender as tendências e a evolução da música; a compreensão da evolução musical é, concomitantemente, a própria compreensão da evolução humana.
Quando ouvimos uma peça musical, ou quando assobiamos uma melodia qualquer, nosso ser como um todo engaja-se em uma atividade que, além de lúdica, traz à mente visões oníricas as mais variadas. Podemos dizer, mesmo, que a música liberta os sentimentos humanos e deixa aflorar toda uma sensibilidade inata que nos faz diferentes de outros animais. Essa manifestação psicossomática, tão exacerbada em alguns e mais recatada em outros, pode ser explorada de maneiras bastante peculiares e diferentes por aqueles que se dedicam à composição musical.
Nesse aspecto, é clara a distinção entre composições do Período Clássico e outras mais tardias, como as do Nacionalismo do final do século XIX. A distinção de estilos musicais só é possível quando se estuda a música a partir de uma óptica histórica e contextual. A análise dos diferentes estilos musicais nos permite investigar a atividade intelectual do homem, do músico e do leigo. A menção que se faz da trajetória histórica como colaboradora da evolução humana é verdadeira no caso da história musical do homem.
Como ciência, a música se revela inquiridora, objetiva, espetacularmente ímpar em toda sua ampla gama de variáveis. Oferece ao estudioso um conjunto de elementos que variam do complexo ao simples, do profundamente teórico ao mais elementar da práxis. Essa visão científica da música, tão variadamente difundida desde os tempos da filosofia helenística clássica, encontrou adeptos da Física, da Matemática e de outros ramos do pensamento lógico-associativo que tentaram defini-la como uma área mensurável>
Pitágoras, um filósofo e matemático grego que viveu no séc. VI a.C., acreditava que a música e a matemática poderiam fornecer a chave para os segredos do mundo. Acreditava que os planetas produziam diferentes tonalidades harmônicas e que o próprio universo cantava. Essa crença demonstra a importância da música no culto helenístico, assim como na dança e nas tragédias do Teatro Grego Clássico. Não é de se estranhar que os helenos tenham adotado, para as notas musicais, as próprias letras de seu alfabeto, em uma identificação clara entre sua metodologia pragmática e a música.
Como arte, a música se revela inspiradora, subjetiva, fomentadora do gênio humano. É uma atividade básica, social e cultural de todas as sociedades humanas. Ela é, merecidamente, a "arte das artes" por excelência, sem, contudo, menosprezar as outras artes. A música influencia o humor das pessoas, faz o trabalho ser realizado de forma mais prazerosa, dá ânimo ao estudo, contagia multidões e faz reviver momentos únicos da existência humana. Ela pode ser nostálgica, alegre, eletrizante, fúnebre, celebradora, enérgica; pacificadora, meditativa, fantástica, onírica, reveladora das paixões e da intimidade da alma - tal como a entendemos como sendo o berço das emoções - e, sobretudo, estimuladora do intelecto e da imaginação que fazem do Homo sapiens uma criatura, entre tantas do planeta, estritamente musical.
Experiência musical
Minha experiência com a música, tanto a teórica quanto a prática instrumental, é exclusivamente de forma autodidática.
Aprendi a tocar flauta doce soprano por volta dos treze anos, junto ao meu grande amigo, André Victor Lucci Freitas. Estudávamos teoria e escalas na flauta doce a partir de manuais e livros de teoria musical, como o conhecidíssimo "Bona".
Por essa época, comecei a aprender os fundamentos da teoria musical avançada e, seis meses depois, já conseguia ler partituras simples, sem grandes dificuldades, em clave de sol. A aquisição da leitura da clave em fá ocorreu um pouco mais tarde, quando comprei uma flauta doce baixo e uma flauta doce tenor (embora, de forma geral, partituras para flauta doce tenor sejam escritas em clave de sol).
Em 1986, eu e o André fomos convidados por outros dois amigos, Paulo e André Luiz, para formar um grupo musical. O nome sugerido para este quarteto foi Sopros & Notas (Veja, por favor, o conteúdo referente às Apresentações em público para conhecer um pouco mais a história deste grupo).
Alguns anos mais tarde, comprei uma flauta transversal e iniciei, também autodidaticamente, o estudo deste instrumento, que é muito diferente da flauta doce em técnica, dinâmica e sonoridade.
Tive grandes experiências, muito gratificantes, em organizar e ensaiar corais variados para apresentações em igrejas e outros eventos. Participei de dois concursos musicais, enviando obras originais.
Fernando Santiago tocando flauta doce tenor com o André Victor (tocando flauta doce soprano) em 18 de fevereiro de 2012. Augusto César V. Mendes (in memoriam) assiste à apresentação.
A flauta doce, também conhecida por flauta de bisel em Portugal, tem seu registro iniciado durante a Idade Média na Europa. A família das flautas doces incluía, nesse período, desde as gravíssimas flautas doces subcontrabaixo até as agudíssimas garklein ou flautas doces sopraníssimo. Clique aqui para estudar a extensão sonora da família de flautas doces.
Durante a Renascença e o período Barroco, as flautas doces ainda continuaram ganhando popularidade e prestígio nos arranjos musicais, mas praticamente inexistem em composições do Classicismo e dos períodos Românticos/Nacionalistas. No séc. XX, entretanto, as flautas doces começaram a ser, novamente, tocadas e apareceram em composições contemporâneas. Curiosamente, em muitas escolas de iniciação musical, a flauta doce soprano é o instrumento mais utilizado para sensibilização musical em crianças.
Entre os muitos compositores que escreveram peças para flautas doces estão Monteverdi, Lully, Purcell, Handel, Vivaldi, Telemann, Bach e Hindemith.
Se quiser ouvir o som de cinco flautas doces (sopranino, soprano, contralto, tenor e baixo), clique aqui.
Nomes das flautas doces em algumas línguas
Blockflöte (alemão)
Flûte a bec (francês)
Recorder (inglês)
Flauta dulce (espanhol)
Flauto dolce (italiano)
Blockflöjt (sueco)
Furulyafuvola (húngaro)
Nokkahuilu (finlandês)
Fláouto me rámfos (grego, transliterado para alfabeto latino)
Blokfleita (russo, transliterado para alfabeto latino)
Apresentações posteriores às dos grupos de música antiga
Depois de participar dos grupos de música antiga "Sopros & Notas" e "Zebu Trifásico", venho atuando de forma mais autônoma. Desde 1996, tenho participado de corais, grupos de músicas variadas e diversas performances.
Inscrição da obra Reflexões sobre a natureza do homem no I Concurso Nacional de Composição "Gilberto Mendes", através do Ofício 020/2002, da Orquestra Sinfônica Municipal de Santos e Secretaria da Cultura de Santos (Santos-SP, 2002). Publicação no Diário Oficial de Santos (21/02/2002)
Inscrição das obras Requiem, um refrigério para a alma e Águas, trilhas dos sons no Encontro de Compositores e Intérpretes Latino-Americanos, através da Fundação de Educação Artística (Belo Horizonte-MG, 2002)
Arquivos disponíveis sobre História da Música Os arquivos abaixo são fichas de estudo da História da Música Ocidental. Basicamente, as fichas compreendem os períodos da Antigüidade Clássica, Idade Média, Renascença, Barroco, Classicismo, Século XIX e Música Contemporânea. Todos as fichas são de minha autoria.
Arquivos para impressão direta, em formato Word(R) ou PDF:
... várias grutas que serviram de palco para as descobertas arqueológicas do nosso passado histórico revelam a presença de pinturas que retratam, de certa maneira, cenas em que nossos ancestrais se mostram batendo paus, mãos ou outros objetos? Estas cenas são uma clara alusão ao uso de instrumentos musicais rudimentares. Musicólogos defendem a ideia de que os instrumentos de percussão foram os primeiros a serem construídos e usados pelo homem primitivo.
... Richard Wagner tinha uma certa "queda" pelo número 13? Confira aqui.
Musicografia
Ao acessar a página cujo link encontra-se a seguir, você poderá ouvir minhas composições e ler a primeira página da partitura de cada uma delas.
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